À maneira de Almeida Garrett...
1.
Este meu fado
Exacerbadamente te amo!
Trago na alma o fogo,
Esta flama que me destrói.
Ai! Ai! O meu desejo não se apaga.
Oh!... Este indigno furor
Não chega ao coração.
Ignóbil sou, porque te desejo!
Não te amo, não, só te quero!
Perto de ti, sinto temor...
Ai! Em toda a natureza,
Rodeado de mil flores
E de inúmeras estrelas,
Só te vejo a ti,
Só te quero a ti! A ti!
Que doce... Oh, que doce é teu aroma!
Famintos são meus desejos,
Cubro tua pele com lascivos beijos,
Em ti, por ti, deliro!
Não te amo, não, só te quero,
De um querer bruto e fero.
Ana Micaela Silva (11C)
2.
Destino
Só por ti posso morrer,
Mas quando hei de saber
Que a mim já não pertences?
Respira, ouve, sente...
Ganância a minha querer-te para sempre.
Mas quando hei de saber
Que a mim já não pertences?
Rosas brancas, puras, finas,
Mistérios desse amor
Que não tenho já comigo!
Flores que já não brotam em mim.
Ah, sentimento atroz carrego eu no peito...
Por ti, só por ti e em ti,
Compreendo o que é amar.
Heytor Torres (11C)
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Imagine que era um navegador português da época das
Descobertas marítimas que se perdia no mar e reencontrava o seu caminho
observando o céu noturno.
1.
Cheguei. Deixei o porto, as saudades, as pessoas,
Portugal. Deixei a terra que sempre me acolheu e me viu crescer, tornando-me no
que sou. Deixei os que participaram nisso. Acho que era isto o que eu desejava
... Agora, pertenço ao mar. Sou parte da sua história, sou parte dele. Muitas
vezes procurei o caminho e pensei que este estivesse construído. Mas no mar não
há caminhos. No mar utilizamos as estrelas.
Agora é noite. E eu reencontrei-me. Graças às estrelas.
Elas são as guias que ajudam a trilhar o caminho para a expansão marítima
portuguesa, tal como a minha família em terra me ajudou a trilhar a minha rota
até aqui. A vida é também uma rota. Pergunto-me se estas estrelas tiveram
também elas ajuda para chegar aqui e se ficarão por cá para me apoiar a traçar
a minha. Unidas por linhas perfeitas, não seria preciso mais. Pois o céu
noturno transformou-se na minha bússola, nela as estrelas indicam o norte. Um
norte brilhante, repleto de descobertas, de aventuras e de novas rotas. Agora,
marear é o meu norte. Continuarei a sonhar com as estrelas nos céus noturnos.
Irei perguntar-lhes para onde vão e se me podem levar com elas.
Gostaria de poder navegar como as estrelas. Não têm leme
nem navio, nem oceano. Mas têm o céu. O céu como mar onde todas navegam e ninguém
se perde. Se não fosse pelas estrelas, eu não teria reencontrado a minha
rota. Agora só espero que estas me guiem
até à Índia e me conduzam no regresso ao mar, ao lar.
As ondas bailam num ritmo suave, os ventos assobiam
serenamente, embalando numa sinfonia a lua vaidosa, que projeta o seu brilho no
quadro negro da noite. Entre o brilho dos pirilampos celestes, subitamente,
aparece a desejada Ursa Maior, a figura luminosa que enche de esperança os
marinheiros extenuados do mar e das descobertas.
A tempestade dos últimos dias finalmente desvanecera,
seguindo o seu rumo para outras paragens. Ecoam os suspiros de alívio.. Estamos
salvos, mas continuamos perdidos. Oramos a Deus, para que as estrelas se
alinhem e nos revelem o caminho, como uma bússola alada.
Enquanto a nau navega pelas intermináveis ondas-meninas,
os nossos astrónomos e matemáticos, homens audazes e sábios, debruçam-se sobre
cálculos enigmáticos que talvez nos possam ajudar a desvendar o mistério da
condução através das estrelas.
Finalmente, depois de horas intermináveis, avistámos
terra. Recebem-nos com um sorriso inicial com sabor a descoberta, mas os seus
tesouros brilhantes não se comparam ao brilho das lantejoulas do tecido preto
da noite que têm o poder de guiar as nossas almas perdidas de regresso ao
abraço do lar, de regresso à pátria.
Zahra Omarji (11C)
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