sexta-feira, 31 de outubro de 2014

República das Letras 2015 | 2016

Pelo quarto ano consecutivo, decorrerá no Colégio, ao longo do ano, o projeto “República das Letras”, uma atividade dedicada aos alunos do Secundário.
Este programa, dinamizado por Miguel Monjardino, especialista em Estudos Políticos e de Geopolítica e Geoestratégia e Professor da Universidade Católica, surge na sequência de um seminário do professor Anthony O’Hear, diretor do Royal Institute of Philosophy em Londres, no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, sobre Agamémnon, uma peça de Ésquilo.
A República das Letras é, por isso, um programa único no país que parte da análise, através de seminários, dos grandes clássicos da literatura grega, para intervir ativamente e compreender os temas essenciais da civilização europeia. As palavras de Miguel Monjardino, num artigo do Expresso de 21 de janeiro de 2012, ilustram bem a importância decisiva e diferenciadora que um projeto deste género pode ter na construção do pensamento e na formação científica e humana dos nossos alunos: “(…) os gregos de há dois mil e quinhentos anos continuam a ser essenciais. Essenciais porque inventaram praticamente tudo o que é importante ao nível da política, história, literatura, ciência e desporto. Essenciais também por terem falado e escrito sobre as fragilidades, a audácia e a inteligência que sempre caracterizaram as mulheres e os homens ao longo dos tempos. Essenciais, finalmente, por nos obrigarem a refletir e a pensar pela nossa própria cabeça. Numa sociedade que quer ser uma democracia liberal, isto é uma coisa absolutamente essencial”.
O caráter transversal e interdisciplinar da atividade (Literatura, Português, Filosofia, História, Geografia, Religião...) confirma a sua importância pedagógica e reforça a sua relação com o Projeto Educativo do Colégio, ao contribuir para «uma formação plena e mais profunda da pessoa humana, num processo educativo que procura a excelência». Além disso, visa enriquecer os alunos na sua dimensão pessoal, académica e profissional, para que sejam capazes de, como consta no nosso ideário:
·         Olhar o mundo, identificar desafios e deixar-se interpelar pelas oportunidades;
·         Responder de forma positiva aos desafios atuais, sendo capaz de ler a realidade com espírito crítico e criativo;
·         Investir de forma ativa no seu crescimento integrado (de todas as dimensões da pessoa humana) e na construção de uma identidade psicossocial com referências sólidas (valores);
·         Descobrir, respeitar e defender o valor e a dignidade da pessoa humana;
·         Interessar-se e ser capaz de agir sobre a realidade e avaliar consequências da sua ação;
·         Adequar e atualizar competências e conhecimentos – autonomia para uma aprendizagem ao longo da vida;
·         Cooperar e envolver-se na construção de um futuro “mais”, isto é, “melhor”, para todos.
Os primeiros seminários acontecerão já durante a próxima semana.
Deixamos as capas dos livros que analisaremos ao longo das sessões:
10ºano


11ºano



12ºano



Testemunhos dos alunos sobre a  República das Letras| edições anteriores


  
   Tinha elevadas expectativas em relação ao seminário e, de facto, elas não foram defraudadas; não poderia ter sido melhor...

   A obra analisada (Antígona, de Sófocles) conseguiu conquistar-me verdadeiramente, não só pelo facto de abordar temáticas políticas, mas também, e sobretudo, por explorar grandes dilemas morais do ser humano: leis terrenas e leis divinas; lealdade para com a cidade e para com a família; o ódio (de Creonte) e o amor (de Antígona)... Além disso, a belíssima história de amor entre Antígona e Hémon  deixou-me completamente arrebatada... Trata-se de uma obra intemporal, que ecoa nos dias de hoje, ensinando-nos a importância da reflexão
.
   Por fim, adorei a maneira de ser do Professor Monjardino, as histórias da sua vida, a união e cumplicidade criadas naquele espaço tão agradável... Ensinou-nos a ver o mundo com outros olhos... Foi profundamente emocionante o momento em que nos exortou a não termos medo de errar ou de perder, já que essa é a única forma de ganhar ou triunfar; devemos abraçar o sucesso, lutar afincadamente pelo que queremos; tudo é possível, basta querermos…

Tatiana Ferreira



   Gostei sobretudo das histórias que o Professor Miguel Monjardino contava, de modo a evidenciar a mensagem subjacente a certa passagem da obra, estabelecendo pontes com a nossa própria vida. Demonstrou um amplo conhecimento sobre a sociedade em que vivemos e partilhou várias experiências, apelando à nossa capacidade de discernimento e à necessidade de um olhar diferente sobre o mundo.

   Nunca pensei analisar uma tragédia grega deste modo. (...) Foi impressionante a forma como o Professor Monjardino abordou as questões políticas patentes na obra, tão atuais.

   Este seminário alargou-me os horizontes. Algumas ideias marcaram-me profundamente e ser-me-ão muito úteis, como o lema: "Falem sempre como se tivesse razão, mas oiçam como se a não tivessem".

Bárbara Rosa






«O amor foi um dos temas que mais me cativou ao longo da tragédia analisada. A paixão entre Antígona e Hémon é perfeita, exaltando um amor devoto e fiel. O final trágico, ainda que belo, foi uma vitória para os amantes, que permaneceram juntos para sempre. Também o dilema de Creonte, cheio de decisões por tomar, me fascinou pela sua fragilidade, já que deixa a sociedade ordenar-lhe o que pensar e como agir, esquecendo, por vezes, que é ele o governante.
Em suma, o seminário foi extremamente importante para o meu crescimento pessoal e humano, no sentido em que, para além de se ter revelado uma pessoa acessível, simpática, culta e apaixonada, o Professor Miguel Monjardino foi uma inspiração, pela força que depositou no seu discurso, mostrando-nos que somos humanos capazes de errar e que não devemos temê-lo, pois são as muralhas que ultrapassamos que nos tornam melhores.»
João Romeiro


   Iniciámos a leitura. 

   A história, como numa tela, foi-se desenhando na minha cabeça, enquanto me ouvia e ouvia os meus colegas a ler. Criei uma forte ligação emocional com as vivências das personagens. Além disso, os conhecimentos do professor Miguel Monjardino trouxeram luz ao nosso estudo e fomos capazes de aprofundar e compreender a obra de um modo surpreendente; ninguém seria capaz de o fazer se a tivesse lido apenas por si...

   Terminámos refletindo sobre algumas questões fulcrais para a compreensão de Antígona e penso que foi nesse preciso momento que todos demos o nosso contributo; foi nesse preciso momento que todos perdemos o medo de comunicar e expressámos as nossas opiniões, “falando como se tivéssemos razão e ouvindo como se não a tivéssemos”. Foi nesse preciso momento que senti que nos deparávamos com um momento de partilha de ideias, em que a inteligência de uns e de outros se elevava ao mesmo nível e não havia distinção entre o aluno de Ciências e o de Humanidades – fundíamo-nos num só grupo e éramos solidários com as ideias dos outros, sem rivalidades.

   Este último capítulo do seminário deixou-me na expectativa e confesso que a única desilusão sentida foi quando tive a certeza de que tinha terminado.

   Admito que fiquei surpreendida, tanto com a obra, como com o próprio método de análise. Foi uma experiência única que espero repetir.
Maria Rebelo




Ficam algumas imagens do ano anterior:
















segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Comentário à escultura “Google Head”



            Esta obra de arte, intitulada “Google Head”, foi concebida por Dame Elisabeth Frink. A artista nasceu em 1930, em Thurlow, e faleceu em 1993, em Woodland. A escultura foi criada em 1969 e está exposta na Beaux Arts Gallery de Londres.
            Num primeiro olhar, esta representação escultórica do busto de um ser humano parece dotá-lo de uma natureza enigmática. Contudo, ao perceber a origem da inspiração da artista, a escultura acabou por revelar um significado completamente diferente. Uma das figuras marcantes na sua vida foi o pai, que era soldado, daí o interesse pelos temas do exército e da guerra. A verdadeira inspiração da artista são fotografias de soldados e generais que combateram na Guerra da Argélia. Estes escondiam-se atrás de óculos escuros, que, para ela, se tornaram num símbolo do mal.


Ana Sofia Calado, 8.º D

domingo, 12 de outubro de 2014

Prémios Nobel | 2014

Dois destaques:


Patrick Mondiano, Prémio Nobel da Literatura 2014














O escritor Patrick Modiano foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura 2014, anunciou esta quinta-feira a Academia Sueca, em Estocolmo.

Francês, já publicou cerca de 30 livros, maioritariamente romances, mas também guiões de cinema e livros infantis. Alguns deles estão publicados em Portugal.

Ao anunciar o nome de Modiano, a Academia destacou-lhe “a arte da memória que utilizou para evocar os destinos humanos mais inalcançáveis e para revelar o universo da ocupação”. Nascido em 1945, ano em que terminou a II Guerra Mundial, é filho de um italiano judeu. O tema da ocupação nazi foi o tema do primeiro livro que publicou, La Place de l’Etoile, em 1968.


Bibliografia

- La Place de l’Étoile (1968)
– La Ronde de nuit (1969)
– Les Boulevards de ceinture (1972)
– Villa triste (1975)
– Livret de famille (1977)
– A Rua das Lojas Escuras (1978), publicado pela Reló­gio d’Água em 1987
– Une Jeunesse (1981)
– Memory Lane (1981, desenhos de Pierre Le-​Tan)
– De si braves garçons (1982)
– Quartier Perdu (1984)
– Domingos de Agosto (1986), publicado pela Dom Qui­xote em 1988
– Catherine Certitude (1988) (ilustrado por Sempé)
– Remise de Peine (1988)
– Vestiaire de l’enfance (1989)
– Voyage de noces (1990)
– Fleurs de Ruine (1991)
– Um Circo que Passa (1992), publicado pela Dom Qui­xote em 1994
– Chien de printemps (1993)
– Du plus loin de l’oubli (1996)
– Dora Bruder (1997), publicado pelas Edi­ções ASA em 1998
– Des inconnues (1999)
– La Petite Bijou (2001)
– Accident nocturne (2003)
– Un pedigree (2004)
– No Café da Juventude Perdida (2007), publicado pelas Edições ASA em 2009
– O Horizonte (2010), publicado pela Porto Editora em 2011
– L’Herbe des nuits (2012)
– Pour que tu ne te perdes pas dans le quartier (2014)


Do artigo de Sara Otto Coelho
Retirado de http://observador.pt/2014/10/09/patrick-modiano-vence-premio-nobel-da-literatura/ 

E ainda a propósito do Nobel da Literatura, aqui fica a sua lista de livros preferidos, de acordo com uma entrevista de há dois anos à Telerama, lembrada pela Revista Ler:

Tristão e Isolda
William Shakespeare, Sonho de uma Noite de Verão
Abbé Prévost, Manon Lescaut
Baudelaire, As Flores do Mal
Dostoievski, Crime e Castigo
H. Balzac, Ilusões Perdidas
Charles Dickens, Grandes Esperanças
Ivan Bounine, A Vida de Arseniev
Thomas Mann, A Montanha Mágica
Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão



O Prémio Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira à jovem paquistanesa Malala Yousafzai e ao indiano Kailash Satyarthi,  dois ativistas que se destacaram"pela sua luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação", refere no comunicado o Comité Norueguês do Nobel.

Deixamos a capa da biografia de Malala Yousafzai, traduzida em Portugal, e uma ligação para um excerto do livro:  
http://recursos.wook.pt/recurso?&id=9449856  





















E ainda o vídeo de uma das suas intervenções mais marcantes,  o discurso nas Nações Unidas:




quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um poema original


Exercícios de vocabulário


Eu muitas vezes espero que regresses.
Espero que o verão desbote,
Esta estação incessante.
Tu,
A penumbra do tempo,
És os dias de transfiguração.
És a estação incansável,
Austera,
A porta que se abre às procelárias.
Sem qualquer ímpeto de surgires,
Passas taciturno por entre o calor do verão
E a neve do inverno.
Por aqui ressoa o teu nome,
Outono.



Diogo Cabral, 8.º D



Nota: Este extraordinário poema do Diogo foi escrito na aula de Português, utilizando algum vocabulário aprendido na leitura do conto “Saga”, de Sophia de Mello Breyner Andresen.