Este programa, dinamizado por Miguel Monjardino, especialista em Estudos
Políticos e de Geopolítica e Geoestratégia e Professor da Universidade
Católica, surge na sequência de um seminário do professor Anthony O’Hear,
diretor do Royal Institute of Philosophy em Londres, no Instituto de Estudos
Políticos da Universidade Católica Portuguesa, sobre Agamémnon, uma peça
de Ésquilo.
A República das Letras é, por isso, um programa único no país que parte da análise,
através de seminários, dos grandes clássicos da literatura grega, para intervir
ativamente e compreender os temas essenciais da civilização europeia. As
palavras de Miguel Monjardino, num artigo do Expresso de 21 de janeiro de 2012, ilustram bem a importância
decisiva e diferenciadora que um projeto deste género pode ter na construção do
pensamento e na formação científica e humana dos nossos alunos: “(…) os gregos
de há dois mil e quinhentos anos continuam a ser essenciais. Essenciais porque
inventaram praticamente tudo o que é importante ao nível da política, história,
literatura, ciência e desporto. Essenciais também por terem falado e escrito
sobre as fragilidades, a audácia e a inteligência que sempre caracterizaram as
mulheres e os homens ao longo dos tempos. Essenciais, finalmente, por nos
obrigarem a refletir e a pensar pela nossa própria cabeça. Numa sociedade que quer
ser uma democracia liberal, isto é uma coisa absolutamente essencial”.
O caráter transversal e
interdisciplinar da atividade (Literatura, Português, Filosofia, História,
Geografia, Religião...) confirma a sua importância pedagógica e reforça a sua relação com o Projeto
Educativo do Colégio, ao contribuir para «uma formação plena e mais profunda
da pessoa humana, num processo educativo que procura a excelência». Além
disso, visa enriquecer os alunos na sua dimensão pessoal, académica e
profissional, para que sejam capazes de, como consta no nosso ideário:
·
Olhar
o mundo, identificar desafios e deixar-se interpelar pelas oportunidades;
·
Responder
de forma positiva aos desafios atuais, sendo capaz de ler a realidade com
espírito crítico e criativo;
·
Investir
de forma ativa no seu crescimento integrado (de todas as dimensões da pessoa
humana) e na construção de uma identidade psicossocial com referências sólidas
(valores);
·
Descobrir,
respeitar e defender o valor e a dignidade da pessoa humana;
·
Interessar-se
e ser capaz de agir sobre a realidade e avaliar consequências da sua ação;
·
Adequar
e atualizar competências e conhecimentos – autonomia para uma aprendizagem ao
longo da vida;
·
Cooperar
e envolver-se na construção de um futuro “mais”, isto é, “melhor”, para todos.
Os primeiros seminários acontecerão já durante a próxima semana.
Deixamos as capas dos livros que analisaremos ao longo das sessões:
10ºano |
11ºano |
12ºano |
Testemunhos dos alunos sobre a República das Letras| edições anteriores
Tinha elevadas expectativas em relação
ao seminário e, de facto, elas não foram defraudadas; não poderia ter sido
melhor...
A obra analisada (Antígona, de Sófocles) conseguiu conquistar-me
verdadeiramente, não só pelo facto de abordar temáticas políticas, mas também,
e sobretudo, por explorar grandes dilemas morais do ser humano: leis terrenas e
leis divinas; lealdade para com a cidade e para com a família; o ódio (de
Creonte) e o amor (de Antígona)... Além disso, a belíssima história de amor
entre Antígona e Hémon deixou-me completamente arrebatada... Trata-se de
uma obra intemporal, que ecoa nos dias de hoje, ensinando-nos a importância da
reflexão
.
Por fim, adorei a maneira de ser do
Professor Monjardino, as histórias da sua vida, a união e cumplicidade criadas
naquele espaço tão agradável... Ensinou-nos a ver o mundo com outros olhos... Foi
profundamente emocionante o momento em que nos exortou a não termos medo de
errar ou de perder, já que essa é a única forma de ganhar ou triunfar; devemos
abraçar o sucesso, lutar afincadamente pelo que queremos; tudo é possível,
basta querermos…
Tatiana Ferreira
Gostei sobretudo das histórias que o
Professor Miguel Monjardino contava, de modo a evidenciar a mensagem subjacente
a certa passagem da obra, estabelecendo pontes com a nossa própria vida.
Demonstrou um amplo conhecimento sobre a sociedade em que vivemos e partilhou
várias experiências, apelando à nossa capacidade de discernimento e à
necessidade de um olhar diferente sobre o mundo.
Nunca pensei analisar uma tragédia
grega deste modo. (...) Foi impressionante a forma como o Professor Monjardino
abordou as questões políticas patentes na obra, tão atuais.
Este seminário alargou-me os
horizontes. Algumas ideias marcaram-me profundamente e ser-me-ão muito úteis,
como o lema: "Falem sempre como se tivesse razão, mas oiçam como se a não
tivessem".
Bárbara Rosa
«O amor foi um dos temas que mais me
cativou ao longo da tragédia analisada. A paixão entre Antígona e Hémon é
perfeita, exaltando um amor devoto e fiel. O final trágico, ainda que belo, foi
uma vitória para os amantes, que permaneceram juntos para sempre. Também o
dilema de Creonte, cheio de decisões por tomar, me fascinou pela sua
fragilidade, já que deixa a sociedade ordenar-lhe o que pensar e como agir,
esquecendo, por vezes, que é ele o governante.
Em suma, o seminário foi extremamente
importante para o meu crescimento pessoal e humano, no sentido em que, para
além de se ter revelado uma pessoa acessível, simpática, culta e apaixonada, o
Professor Miguel Monjardino foi uma inspiração, pela força que depositou no seu
discurso, mostrando-nos que somos humanos capazes de errar e que não devemos
temê-lo, pois são as muralhas que ultrapassamos que nos tornam melhores.»
João Romeiro
Iniciámos a leitura.
A história, como numa tela, foi-se
desenhando na minha cabeça, enquanto me ouvia e ouvia os meus colegas a ler.
Criei uma forte ligação emocional com as vivências das personagens. Além disso,
os conhecimentos do professor Miguel Monjardino trouxeram luz ao nosso estudo e
fomos capazes de aprofundar e compreender a obra de um modo surpreendente;
ninguém seria capaz de o fazer se a tivesse lido apenas por si...
Terminámos refletindo sobre algumas
questões fulcrais para a compreensão de Antígona
e penso que foi nesse preciso momento que todos demos o nosso contributo; foi
nesse preciso momento que todos perdemos o medo de comunicar e expressámos as
nossas opiniões, “falando como se tivéssemos razão e ouvindo como se não a
tivéssemos”. Foi nesse preciso momento que senti que nos deparávamos com um
momento de partilha de ideias, em que a inteligência de uns e de outros se
elevava ao mesmo nível e não havia distinção entre o aluno de Ciências e o de
Humanidades – fundíamo-nos num só grupo e éramos solidários com as ideias dos
outros, sem rivalidades.
Este último capítulo do seminário
deixou-me na expectativa e confesso que a única desilusão sentida foi quando
tive a certeza de que tinha terminado.
Admito que fiquei surpreendida, tanto
com a obra, como com o próprio método de análise. Foi uma experiência única que
espero repetir.
Maria Rebelo
Ficam algumas imagens do ano anterior:
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