quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Toques literários
Mais uma semana, mais um livro, mais um orador... O Filipe (11A) apresentou hoje, na biblioteca, o "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira. Além de contextualizar a época do autor (o século XVII) e expor os seus dados biográficos, pronunciou-se igualmente sobre as causas por que lutou (era um acérrimo defensor dos índios). Finalmente, refletiu, com humor e sentido crítico, sobre a intemporalidade da sua mensagem e o seu poder argumentativo. Foi muito interessante! Muito obrigada!
Muito obrigada!
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
CSI da língua
Saber e sabor...
É fascinante refletir sobre a etimologia de algumas palavras associadas ao campo da educação e perceber como a sua origem remete para uma dimensão sensorial e, até, alimentícia... É verdade!...
Por exemplo, a palavra "saber", de acordo com o Dicionário Etimológico do Professor Pedro Machado, chegou até nós a partir do termo latino sapere, "ter gosto; exalar um cheiro, um odor; perceber pelo sentido do gosto.". Assim, "saber" e "sabor", no latim, estavam semanticamente relacionados; o "saber" era um "saber pelos sentidos", ou, de outra forma, o "sabor" antecedia o "saber". E esta, hein?
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Semana Internacional das Bibliotecas Escolares
A equipa da Biblioteca preparou várias surpresas para esta semana! Em vários sítios do colégio, podemos encontrar instalações artísticas que assinalam a comemoração da Semana Internacional das Bibliotecas Escolares. E repararam nas portas das salas? Deixamos alguns exemplos e convidamos todos para um programa recheado de sugestões verdadeiramente irrecusáveis!
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
A inquietante atualidade de Padre António Vieira
Deixamos duas reflexões de Inês Pedrosa sobre a atualidade
das ideias e da figura de Padre António Vieira.
Vieira foi um político, no sentido mais nobre do termo, que é
o de profeta e pregador (...). Hoje, como no século XVII de Vieira, a palavra
«profecia» é alvo de equívocos. Há, de resto, cada vez mais palavras que, à
força de serem repetidas pelo que não são, perdem a força do que são. Político
é uma delas. Como escritor, intelectual, filósofo, poeta – uma mão cheia de
palavras que representam o entalhe da liberdade e do sonho, o trabalho de
afinar os circuitos elétricos da alma humana, e que (por isso mesmo?) são
cuidadosamente desmembradas até não significarem nada. A ideia, que só por
ignorância se pode considerar nova, de que o verdadeiro intelectual é aquele
que intervém nos combates da polis, silencia-se facilmente com uma só página de
um qualquer sermão de António Vieira – que passou a vida no púlpito e na rua,
lutando pelos direitos dos índios e dos escravos do Brasil. O dom de futurar a
que se chama profecia resulta da capacidade de olhar para o presente como se
ele fosse já passado, ou seja, com o despojamento de uma compaixão humana em
estado puro. Todos os grandes escritores, de Camões e Vieira a Dostoievski e
Agustina, são naturalmente profetas. Faz-se é muito caso da simplicidade destas
palavras, porque somos demasiado contemporâneos para aguentarmos o peso dos
intemporais. Mas até isso é velho.
António Vieira, o padre, lutou pela igualdade e pelo
esclarecimento das almas, pela libertação de Portugal face ao domínio espanhol
e pela libertação do Brasil tomado pelos holandeses. Foi perseguido pela
Inquisição, proibido de falar em público, desprezado e silenciado pelos poderes
da sua época. Ousou a humilde vaidade de pensar pela cabeça de Deus, que não
regista datas nem raças, e usou a religião como instrumento de religação de
cada ser humano consigo mesmo e com os outros. Ainda hoje, 308 anos depois da
sua morte, as suas palavras caminham adiante do tempo. De facto, não saímos
ainda da Era do Espartilhamento Humano que foi a de Vieira – uma era em que as
pessoas inteiras assustam, e só os técnicos especialistas, devidamente
arrumados nas suas cátedras específicas, são respeitados. O que motiva as
pessoas inteiras – aquelas que sabem que a palavra é uma forma de ação e a ação
uma questão de palavra não é mudar de carro, de casa e de mundo, mas, ainda e
sempre, mudar o mundo. Ontem como hoje, o mundo resiste à mudança – com maior
ou menor folclore sociológico-mediático. Não quereis sujar-vos no suor da
política? Não quereis distinguir as características dos peixes nem contribuir
para a despoluição dos mares? Meditai pelo menos nesta frase de Vieira:
«Palavras sem obra são tiros sem bala; atroam, mas não ferem».
Inês Pedrosa, "A viagem infinita do padre António
Vieira", in Expresso, 2005
2.
Se vivesse hoje, como seria esse António Vieira, nascido a 6
de fevereiro de 1608, que bradou contra os desmandos da Terra e do Céu?
Escreveria, num computador portátil de viajante eterno, textos assombrosos,
como os que escreveu nesse século XVII que lhe coube (...) e excederiam a
compreensão dos seus contemporâneos. Escreveria, nos jornais ou na blogosfera,
artigos incendiários sobre o estado do mundo - mas precisaria também do púlpito
do poder político.
Inês Pedrosa, in Visão, 31-01-2008 (com supressões)
domingo, 27 de outubro de 2013
Ler e (n)uma cabana...
Este é um projeto surpreendente associado ao programa da Trienal de Arquitetura de Lisboa. "Um, dois e muitos", de Marta Wengorovius, é uma cabana de madeira que está no Jardim Botânico, perfeitamente integrada na paisagem. Para que serve? Para ler!
A cabana tem apenas uma estante e lugar – e pode ser reservada por algumas horas, ou até um dia inteiro, até ao dia 15 de dezembro. Os interessados poderão, por exemplo, levar o livro que andam a ler ou escolher um dos da Biblioteca Um, dois e muitos – Marta Wengorovius pediu a 20 pessoas que selecionassem títulos, reunindo um acervo de 60 volumes na estante da cabana. Esta é também uma biblioteca itinerante, porque a cabina (que é, na verdade, uma instalação), cuja estrutura foi desenhada por Francisco Aires Mateus, já esteve em Paredes e é móvel. O objetivo deste projeto é criar uma comunidade de partilha de leitura(s).
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Livrarias de Lisboa – Fabula Urbis
Há alguns anos, mais precisamente em
2007, Carmo Gregório, professora de Francês, e João Pimentel, professor de
História, decidiriam abrir a Fabula Urbis, uma livraria que é, na realidade, um
pequeno tesouro. Localizada numa das mais belas colinas da cidade, junto à Sé e
a dois passos do Castelo de São Jorge, a Fabula Urbis é especializada em livros
sobre a cidade de Lisboa, embora tenha também ao dispor dos leitores uma
apurada seleção de títulos de ficção, uma invejável coleção de poesia e algumas
edições limitadas de livros de arte.
No primeiro piso, estão os livros. No
segundo, numa sala que convida à leitura e às tertúlias, há regularmente
apresentações de livros e encontros de comunidades de leitores. Para quem
estiver interessado, no próximo dia 16 de outubro haverá mais um desses
encontros. O livro em destaque será A
noite das mulheres cantoras, de Lídia Jorge, e contará com a presença da
autora.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Toques literários
Mais uma semana, mais um livro, mais um orador (neste caso, oradora). A Patrícia Castro (6D) apresentou o livro Poetas de hoje e de ontem, de Maria de Lurdes Varanda e Maria Manuela Santos, uma antologia de poemas de sempre. A aluna elegeu "Descalça vai pera a fonte" (Luís de Camões) e "Luís, o poeta, salva a nado o poema" (Almada Negreiros) como poemas preferidos. Houve ainda tempo para um recital de poesia, tendo a Patrícia contado com a colaboração da plateia para a leitura de ambas as composições poéticas. Muito obrigada!
Luís, o poeta, salva a nado o poema
um português
de Portugal.
O nome Luís
há-de bastar
toda a nação
ouviu falar.
Estala a guerra
e Portugal
chama Luís
para embarcar.
Na guerra andou
a guerrear
e perde um olho
por Portugal.
Livre da morte
pôs-se a contar
o que sabia
de Portugal.
Dias e dias
grande pensar
juntou Luís
a recordar.
Ficou um livro
ao terminar.
muito importante
para estudar:
Ia num barco
ia no mar
e a tormenta
vá d'estalar.
Mais do que a vida
há-de guardar
o barco a pique
Luís a nadar.
Fora da água
um braço no ar
na mão o livro
há-de salvar.
Nada que nada
sempre a nadar
livro perdido
no alto mar.
_ Mar ignorante
que queres roubar?
A minha vida
ou este cantar?
A vida é minha
ta posso dar
mas este livro
há-de ficar.
Estas palavras
hão-de durar
por minha vida
quero jurar.
Tira-me as forças
podes matar
a minha alma
sabe voar.
Sou português
de Portugal
depois de morto
não vou mudar.
Sou português
de Portugal
acaba a vida
e sigo igual.
Meu corpo é Terra
de Portugal
e morto é ilha
no alto mar.
Há portugueses
a navegar
por sobre as ondas
me hão-de achar.
A vida morta
aqui a boiar
mas não o livro
se há-de molhar.
Estas palavras
vão alegrar
a minha gente
de um só pensar.
À nossa terra
irão parar
lá toda a gente
há-de gostar.
Só uma coisa
vão olvidar
o seu autor
aqui a nadar.
É fado nosso
é nacional
não há portugueses
há Portugal.
Saudades tenho
mil e sem par
saudade é vida
sem se lograr.
A minha vida
vai acabar
mas estes versos
hão-de gravar.
O livro é este
é este o canto
assim se pensa
em Portugal.
Depois de pronto
faltava dar
a minha vida
para o salvar.
Almada Negreiros
*
Descalça vai
pera a fonte
Lianor pela
verdura;
Vai fermosa, e
não segura.
Leva na cabeça
o pote,
O testo nas
mãos de prata,
Cinta de fina
escarlata,
Saínho de
chamalote;
Traz a
vasquinha de cote,
Mais branca
que a neve pura.
Vai fermosa, e
não segura.
Descobre a
touca a garganta,
Cabelos de
ouro o trançado,
Fita de cor de encarnado...
Tão linda que
o mundo espanta!
Chove nela
graça tanta,
Que dá graça à
fermosura.
Vai fermosa, e não segura.Luís de Camões
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
A vida é bela
As turmas do 8º ano, que se encontram presentemente a trabalhar a obra O mundo em que vivi, de Ilse Losa, assistiram ao filme A vida é bela, de Roberto Benigni. Ninguém ficou indiferente à história do pequeno Giosué. Estabeleceram-se muitas ligações pertinentes entre a obra de Ilse Losa e o filme de Benigni, num profícuo cruzamento entre as linguagens literária e cinematográfica. Ao longo dos próximos dias, iremos partilhando aqui alguns textos que mostram bem o impacto que este filme teve na sensibilidade dos nossos alunos.
CSI da língua
"ERRO CRASSO"
Significado: "erro grosseiro"
Origem da expressão: na Roma Antiga, havia o Triunvirato; o poder dos generais era dividido por três pessoas. O primeiro destes Triunviratos era composto por Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo, os partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e táticas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro clamoroso, dizemos tratar-se de um "erro crasso"...
Significado: "erro grosseiro"
Origem da expressão: na Roma Antiga, havia o Triunvirato; o poder dos generais era dividido por três pessoas. O primeiro destes Triunviratos era composto por Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo, os partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e táticas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro clamoroso, dizemos tratar-se de um "erro crasso"...
terça-feira, 22 de outubro de 2013
A tecnologia, a melhor arma contra a poluição
"A tecnologia é frequentemente
acusada de causar todos os males do mundo moderno, mas é, na realidade, a
melhor arma da Humanidade contra a poluição, ainda que esta seja muitas vezes apresentada
como o preço a pagar pelo progresso."
Jacques-Yves Cousteau,
in Segredos do Mar; o Mundo Fascinante dos Oceanos e das Ilhas
A partir da frase do oceanógrafo Jacques Cousteau e do vídeo produzido pelo Oceanário, os alunos de 10ºano produziram um texto de opinião, sobre o papel da tecnologia no combate à poluição. Publicámos na página do 10ºano, aqui, o texto do aluno Pedro Martins.
domingo, 20 de outubro de 2013
Centenário de Vinícius de Moraes
Vinícius de Moraes completaria este sábado cem anos. Dia 18, na Casa Fernando Pessoa, teve lugar uma maratona de leitura dos seus poemas que contou com a participação de Pedro Mexia, Lídia Jorge e Nuno Júdice. Nesta evocação, recordamos o poema que o carioca dedicou à tragédia de Hiroxima, que Pedro Arrupe testemunhou.
A Rosa de Hiroxima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Vinícius de Moraes
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Livrarias de Lisboa - Pó dos Livros
Surgida em 2008, a Pó dos Livros é uma das mais bonitas e
interessantes livrarias de Lisboa. Situada na Avenida Marquês de Tomar, bem
perto dos jardins da Fundação Gulbenkian, tem uma oferta de livros muito
abrangente e uma decoração ao estilo inglês. Segundo Jaime Bulhosa, o
proprietário, "a Pó dos Livros é uma livraria de bairro, independente,
alternativa, com livreiros experientes e gosto pela partilha das suas leituras.
Tem um conceito arquitetónico que nos transporta para um ambiente retro, decorada com objetos de
outros tempos, fazendo lembrar as antigas e tradicionais livrarias de Londres,
com estantes altas, negras, de madeira trabalhada, e com as paredes coloridas.
Procura atrair um público diferenciado do das livrarias de grande superfície,
clientes mais exigentes, mais seletivos, se quiserem."
No piso de cima da Pó dos Livros, para além de uma
pequena cafetaria, o espaço é ocupado por estantes repletas de títulos dos
géneros literários mais comuns, como o romance, a poesia e o teatro. O piso de
baixo, por seu turno, é quase inteiramente dedicado à literatura
infanto-juvenil.
Uma sugestão: visitar a Pó dos Livros, comprar um
livro e passar uma tarde de leitura nos jardins da Gulbenkian.
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