domingo, 14 de dezembro de 2014
Bibliotecando
Eis as propostas da equipa da Biblioteca para este mês de dezembro, desta vez, alusivas ao Natal:
2.º Ciclo | A noite de Natal, de Sophia de Mello Breyner
Excerto:
“Quando se viu sozinha no meio da rua teve vontade de voltar para trás. As árvores pareciam enormes e os seus ramos sem folhas enchiam o céu de desenhos iguais a pássaros fantásticos. E a rua parecia viva. Estava tudo deserto. Àquela hora não passava ninguém. Estava toda a gente na Missa do Galo. As casas, dentro dos seus jardins, tinham as portas e as janelas fechadas. Não se viam pessoas, só se viam coisas. Mas Joana tinha a impressão de que as coisas a olhavam e a ouviam como se fossem pessoas.
3.º Ciclo | O mistério de Natal, de Jostein Gaarder
Excerto:
“… Os ponteiros do relógio deviam estar tão cansados de girar para o mesmo lado, ano após ano, que, porventura, decidiram mudar de sentido…
2.º Ciclo | A noite de Natal, de Sophia de Mello Breyner
Excerto:
“Quando se viu sozinha no meio da rua teve vontade de voltar para trás. As árvores pareciam enormes e os seus ramos sem folhas enchiam o céu de desenhos iguais a pássaros fantásticos. E a rua parecia viva. Estava tudo deserto. Àquela hora não passava ninguém. Estava toda a gente na Missa do Galo. As casas, dentro dos seus jardins, tinham as portas e as janelas fechadas. Não se viam pessoas, só se viam coisas. Mas Joana tinha a impressão de que as coisas a olhavam e a ouviam como se fossem pessoas.
«Tenho medo», pensou ela. Mas resolveu caminhar para a frente sem olhar para nada. ”
3.º Ciclo | O mistério de Natal, de Jostein Gaarder
Excerto:
“… Os ponteiros do relógio deviam estar tão cansados de girar para o mesmo lado, ano após ano, que, porventura, decidiram mudar de sentido…
Anoitecia. Lá fora, as iluminações de
Natal estavam acesas e uns espessos farrapos de neve pairavam por entre os lampiões.
As ruas pululavam de gente.
Entre aquelas pessoas apressadas estavam Joakim e o pai que
tinham vindo à cidade à última da hora para comprar um calendário do Advento,
porque no dia seguinte era o primeiro de Dezembro.”
Secundário | Crimes de Natal – Vários Autores
Excerto:
“Havia no ar aquilo que só posso descrever como uma sensação
curiosamente sobrenatural. Dir-se-ia que havia qualquer coisa que pesava sobre
todos nós. Uma sensação de infortúnio. Para começar, havia George, o porteiro
do vestíbulo. Fazia anos que lá estava e conhecia toda a gente. Bronquite e
pneumonia, e morreu ao quarto dia. Uma coisa tristíssima. Um verdadeiro golpe
para toda a gente. E ainda por cima quatro dias antes do Natal. E depois uma
das criadas (uma jóia de rapariga), com uma infecção num dedo, morreu realmente
no espaço de vinte e quatro horas.
Eu estava na
sala de visitas com Miss Trollope e a velha Mrs. Carpenter, e Mrs. Carpenter
estava a ser positivamente macabra… A saborear tudo aquilo, sabem?
- Tome nota
do que lhe digo – dizia ela. – Isto não é
o fim. Conhece o ditado? Não há duas
sem três. É uma coisa que se tem verificado vezes sem conta. Vai haver
outra morte. Não há dúvida nenhuma. E não teremos muito que esperar. Não há duas sem três.”
domingo, 30 de novembro de 2014
30 de novembro | Dia de Pessoa
Em dia de aniversário, a Casa Fernando Pessoa abre as suas
portas, a partir das 15h00, para um programa de evocações e celebrações. Às
15h30, uma visita guiada ao espaço espera todos os interessados. Às 17h30, será
lançada uma edição em Braille do livro Mensagem, do designer Bruno Brites. E,
às 19h30, em clima de festa, a Tenda traz-nos o último dos seus oito olhares
teatrais sobre a obra referencial de Fernando Pessoa, editada há 80 anos. A
entrada é livre! (Texto retirado da página de Facebook da Casa Fernando Pessoa
- com adaptações).
Deixamos o programa:
Aproveitamos também para destacar o número #30 da revista
Blimunda, da Fundação José Saramago, dedicada ao Nobel e a Pessoa:
Clicar na imagem, para aceder à versão digital da revista. |
"Quando José Saramago
nasceu, a 16 de novembro de 1922, restavam a Fernando Pessoa apenas 13 anos de
vida. Durante esse tempo coexistiram, pode até ter acontecido coincidirem em
algum momento em Lisboa, mas dessa possibilidade não há registo. Em 1935, no
dia 30 de novembro, Fernando Pessoa deixou de existir fisicamente e a partir
daquele momento teve início a construção da sua imortalidade literária. Para
celebrar a existência e genialidade destes dois grandes nomes da Literatura a
Blimunda dedica-lhes várias páginas da sua edição de novembro. As homenagens
começam já no editorial, um texto de José Saramago sobre Fernando Pessoa. A
revista visitou o espólio do poeta na Biblioteca Nacional de Portugal e
conversou com Jerónimo Pizarro e Patrício Ferrari, dois investigadores
pessoanos que vieram a Lisboa atraídos pelo homem da múltiplas personalidade e
que depois partiram para disseminar a obra do português pelo mundo. Uma galeria
de fotos do(s) Dia(s) do Desassossego apresenta ao leitor a iniciativa levada a
cabo pela Fundação José Saramago e pela Casa Fernando Pessoa para homenagear os
dois escritores."
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
Convite
No próximo dia 3 de dezembro (quarta-feira), pelas 18h30, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa (Cidade Universitária), realizar-se-á a sessão de encerramento da publicação da Obra Completa Padre António Vieira.
Serão oradores convidados os Professores Doutores Carlos Reis, Eduardo Lourenço e Viriato Soromenho-Marques.
O evento contará com as participações especiais do ator Júlio Martín, que fará a leitura de alguns excertos da obra de Vieira, e da Orquestra Académica da Universidade de Lisboa.
A edição, sob a égide da Universidade de Lisboa, da Obra Completa Padre António Vieira (30 volumes) conta com a Direção dos Professores José Eduardo Franco e Pedro Calafate. Conta também com a coordenação da nossa querida colega Aida Lemos. A não perder!
terça-feira, 25 de novembro de 2014
À mesa com Eça no dia do seu aniversário
Hoje, 25 de novembro, assinalam-se os 169 anos do nascimento do escritor Eça de Queiroz.
A Fundação Eça de Queiroz associa-se aos Municípios de Baião e Amarante, promovento várias iniciativas. Nós, por cá, decidimos comemorar de forma original, dando destaque ao autêntico roteiro gastronómico que é a obra queirosiana. Para quem queira recriar este passeio de sabores, ficam as descrições retiradas das obras. Depois, é só servir! Bom apetite!
A Cidade e as Serras
A Cidade e as Serras
A Cidade e as Serras
O Crime do Padre Amaro
A Ilustre Casa de Ramires
O Crime do Padre Amaro
Bem a propósito, deixamos uma ideia do restaurante Largo do Paço, da Casa da Calçada, Amarante, que marca a efeméride com um menu especial.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
"Os peixes comem-se uns aos outros"
A nossa aluna Eva Monteiro (11A2) conquistou, num concurso promovido pela Biblioteca (ilustração criativa de sardinhas), o primeiro lugar! Muitos parabéns à Eva, assim como aos restantes premiados.
Deixamos aqui o seu trabalho e dele nos servimos para iustrar, bem a propósito, uma passagem do "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira:
Deixamos aqui o seu trabalho e dele nos servimos para iustrar, bem a propósito, uma passagem do "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira:
[...] A
primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos
outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só
vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo
contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande
para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem
pequenos, nem mil, para um só grande. [...]
Padre
António Vieira, "Sermão de Santo António aos Peixes" (Capítulo IV)
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
14 de novembro | Dia de Pedro Arrupe
A
última semana foi marcada por emoções fortes, tendo culminado na sexta-feira,
14 de novembro, data em que se assinalou o nascimento de Pedro Arrupe e o dia
do colégio.
O dia começou bem cedo, com uma Eucaristia
em que participaram todos os ciclos, do 1.º ao Secundário.
Mais tarde, no auditório, depois de longos
meses de ensaios, estreou a peça "Até onde, Pedro?", sobre a vida de
Pedro Arrupe. A ideia nasceu no coração da Ir. Irene Guia e foi crescendo, com
a ajuda da Administração, da Direção, da Pastoral, dos Departamentos (Artes,
Música, Português) e, em especial, dos alunos do 3.º Ciclo, que escreveram e
interpretaram o texto. Ao longo de um ano de trabalho, participaram em oficinas
de escrita, cenografia e sonoplastia, coordenadas pelos professores de
Português (Helena Velez e Paulo Tavares), de Artes (Celso Ameixa e Ricardo
Josué) e de Música (Gonçalo Prazeres e Ana Araújo). Receberam, ainda,
indicações e formação sobre coreografia (Rita Alexandre), operações técnicas
(Pedro Luz e Gonçalo Prazeres), costura e adereços (Leonor Silva e Isabel
Lacerda),
Ao leme, estiveram, desde o início, o
talento, a dedicação e a alma do Nuno Archer e da atriz Daniela Vieitas.
Após os ensaios-gerais, que decorreram com a
presença dos alunos dos diferentes ciclos na plateia, a peça foi apresentada a
toda a comunidade educativa, em duas sessões, à noite, na quinta e na
sexta-feira, 13 e 14 de novembro. Nesses dias, alunos do 8.º e 11.º anos
juntaram-se à equipa, na bilheteira e na receção dos espectadores.
Foi um momento poderoso de escola, que nos
(re)uniu em torno da figura e do exemplo de Pedro Arrupe. No palco,
"teatro dentro do teatro", vários atores recriavam o frenesim próprio
dos ensaios, e dos bastidores, em paralelo com uma peça que estaria a ser
representada do outro lado da cortina. Esta opção revelou uma outra dimensão da
vida de Arrupe, a figura pública, o Geral da Companhia de Jesus - o homem que,
longe dos holofotes e das câmaras, longe das viagens e da "vida
agitada", em silêncio, se recolhe em oração, antes das grandes decisões.
Ao longo da peça, cruzaram-se, na dose
certa, no ritmo certo, humor (as extraordinárias senhoras da limpeza; o honesto
"Ai coitadinho!" de Andreia ou os rodopios de Rodrigo são alguns
exemplos) e profundidade. Sentimos no texto a presença do olhar límpido dos
alunos, espelhando nas suas palavras as
emoções e as opiniões que a figura e a vida de Pedro Arrupe lhes suscitam, da
admiração pela coragem de abandonar um curso de medicina, trocando a bata
branca pela bata preta, à perplexidade perante a sua capacidade de sofrimento e
de abnegação na doença.
As várias linguagens marcaram presença ao
longo de todo o espetáculo, numa permeabilidade feliz entre dança e música,
como acontece na homenagem dos presos, numa canção retirada da alma, com sabor
a soul gospel ("Thank You, Don Pedro"), ou na dança da carta que
chega com o anúncio da missão no Japão. Também a imagem, no filme sobre a
experiência oriental, vem sublinhar o magistério da alegria, da inteligência e
da humildade de Arrupe, que acolheu de braços abertos o novo e o diferente (da
música aos sabores, da cultura aos costumes).
São muitos os momentos arrepiantes em que o
texto dramático se transforma em texto poético, com o auxílio da cenografia e
da música. Como descrever o nó na garganta perante os vultos anónimos que se
debatem violentamente sob um plástico disforme com a força marítima de uma
tempestade, ou face à fragilidade dos barquinhos de papel que vão tombando
sobre o chão? Como descrever o "abanão" provocado pelo cortejo dos
refugiados, rostos e vidas desfigurados, trazendo o passado ao colo e a
angústia nos braços? Revemo-nos neles e revemo-nos por dentro.
É o palco a narrar, é o palco a
inquietar-nos. Metáfora máxima desta inquietação, desta procura, é a Pergunta,
que assalta as personagens na escuridão, que lhes povoa a solidão, lhes sacode
as entranhas, as incita a perscrutar as respostas.
No final, a convicção de que o legado de
Pedro Arrupe continua entre nós e que de nós depende. O que foi dito (e que não
não foi dito e ressoa nos nossos corações, nas nossas consciências)
acompanha-nos. Até onde? A pergunta permanece.... Levamo-la connosco, na
penumbra dos nossos gestos.
Muito obrigado, Nuno e Daniela, por
tudo! E um merecidíssimo elogio aos
atores, que se superaram em cada sessão, que colocaram tudo de si no projeto.
Só uma frase o parece explicar: “Apaixona-te e permanece apaixonado. Isso
decidirá tudo em ti”.
Deixamos mais imagens do espetáculo:
AUTORES:
Afonso
Atalaia, Afonso Palos, Afonso Reis, Alex Villax, Ana Francisca Carreira, Ana
Patrícia Agostinho, Ana Sofia Calado, Ana Sofia Monteiro, Ana Teresa Gaspar, André Lopes, André Silva,
António Barreto, António Martins, Beatriz Armeiro, Beatriz Coutinho, Beatriz
Dias, Beatriz Gomes, Beatriz Salgueiro, Beatriz Saraiva, Beatriz Simões,
Bernardo Lopes, Bernardo Pais, Carlos Dias, Carolina Penha, Catarina Coelho, Catarina
Rocha, Catarina Silva, Catarina Taboada, Célia Howell, Daniela Santos, Diogo
Araújo, Diogo Borbinha, Diogo Cabral, Diogo Freixo, Diogo Roque, Diogo Sousa, Domingos
Gallego, Eduardo Martins, Fernando Dinis, Filipa Almendra, Filipa Ramos, Francisco
Baptista, Francisco Bentes, Francisco Nabais, Francisco Peres, Gabriel Nunes, Gonçalo
Santos, Henrique Caraça, Henrique Carvalho, Henrique Pereira, Inês Dias, Inês
Nunes, Inês Santos, Joana Campos, Joana Dias, João Afonso Mendonça, João
Almeida, João Chasqueira, João Correia, João da Ponte, João de Deus, João
Esteves, João Gaspar, João Pires, João Rafael Carvalheiro, João Rosado, João
Silva, João Tomás, José Galante, José Pedro Figueiredo, Júlia Lima, M. Leonor
Gomes, M. Matilde Zerbes, Madalena Henriques, Madalena Sereno, Mafalda Paixão, Manuel
Rodrigues, Margarida Martins, Maria Alves, Maria Joana Dias, Maria João Vidal, Maria
Morais, Mariana Nunes, Mariana Reis, Mariana Rodrigues, Marta Rosa, Miguel
Coelho, Miguel Duarte, Miguel Martinho, Miguel Martins, Miguel Moura Miguel
Pena, Miguel Rosa, Nuno Domingues, Patrícia Grencho, Patrícia Reduto, Pedro
Ornelas, Pedro Serrano, Rita Pereira, Rodrigo Gomes, Rodrigo Pereira, Rodrigo
Ribeiro, Rodrigo Theotónio, Rodrigo Vinagre, Santiago Benites, Sara Correia, Sara
Nunes, Sara Santos, Sebastião Lobato Faria, Sofia Faustino, Sofia Sá, Teresa
Costa, Teresa Zerbes, Tiago Henriques, Tiago Teixeira, Tiago Veríssimo, Tomás
Afonso, Tomás Bandeira, Tomás Correia, Tomás Lopes, Tomás Lourenço, Tomás
Pereira, Tomás Serrano, Tomás Sousa, Vasco Almeida, Vasco Filipe, Vasco Vinagre, Vera Lucas, Vera
Santos, Vicente Mendes, Xavier Cerejo.
Professores:
Helena Velez e Paulo Tavares
Equipa de Teatro:
António Martins,
Beatriz Gomes, Carlos Dias, Carolina Penha, Catarina Coelho, Catarina Silva, Catarina
Taboada, Francisco Batista, Joana Dias, João Tomás, Júlia Lima, Madalena
Sereno, Maria Morais, Mariana Nunes, Patrícia Agostinho, Patrícia Grencho,
Patrícia Reduto, Rodrigo Theotónio, Sara Correia, Sofia Faustino, Teresa Batista, Teresa Costa,
Teresa Zerbes, Tomás Afonso, Vasco Almeida, Vera Lucas, Vera Santos, Xavier
Cerejo.
Professores: Daniela
Vieitas e Nuno Archer
Coreografia: Rita
Alexandre
Equipa de Cenografia:
Afonso Atalaia,
Beatriz Saraiva, Célia Howell, Diogo Borbinha, Diogo Cabral, Diogo Freixo,
Filipa Almendra,
Gabriel Nunes, Joana Campos, Sofia Sá, Teresa Gaspar
Professores: Celso
Ameixa e Ricardo Josué
Apoio à costura:
Isabel Lacerda e Leonor Silva
Construção: Victor Barbosa
Equipa de Sonoplastia:
Fernando Diniz,
Gonçalo Campos, Marta Rosa, Salvador Ribeiro, João Correia
Professores: Ana
Araújo e Gonçalo Prazeres
Desenho
de luz e Edição de filme: Pedro Luz
Imagem
gráfica: José Pedro Trindade
Agradecimentos
Ana
Limpinho, Ana Mira Vaz, Ana Moraes, Ana Vala, André Gonçalves, António Leitão, António
Lourenço Associação Mais Cidadania, Carlos Azevedo Mendes sj, Centro Inaciano
do Lumiar, Cristina Pinheiro, Embaixada do Japão, Eunice Maia, Ismael Guedes,
José Larião, Luísa Abraços, Margarida Diogo, Marta Heleno, Miguel Morais,
Miguel Robalo, Nuno Ferro, Paulo Duarte, Província Portuguesa da Companhia de
Jesus, Restaurante Origami, Ricardo Valente, Rute Pais, Steve Johnston, Teatro
Ao Largo, Teatro do Montemuro e famílias dos alunos que participaram no
projeto.
Um agradecimento especial à Irmã Irene Guia, aci, que
com a sua energia contagiou todos na vontade de construir este espetáculo.
domingo, 16 de novembro de 2014
À maneira de Vieira
Pedimos aos alunos de 11.º ano que, no âmbito do estudo do "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira, recriassem o primeiro parágrafo do Capítulo I (Exórdio), denunciando um problema da atualidade. Aqui ficam alguns desses textos. Nos próximos dias, publicaremos mais!
1.
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com o
povo, sois a luz da escuridão: e chama-lhe luz da escuridão porque quer que
façam na escuridão o que faz a luz. O efeito da luz é iluminar o povo,
incentivndo-o a ter um papel ativo na justiça e na política; mas quando a
escuridão é tão avassaladora como esta, havendo tantos nela que deveriam ser
luz, qual será, ou qual pode ser a causa desta incapacidade de agir? Ou é
porque a luz não ilumina, ou porque a escuridão se não deixa iluminar. Ou é
porque a luz não ilumina, e o povo não tem iniciativa; ou é porque a escuridão
se não deixa iluminar, e os políticos não deixam o povo ter intervenção na
matéria política. Ou é porque a luz não ilumina, e o povo permanece indiferente
ao futuro; ou é porque a escuridão se não deixa iluminar, e os políticos não
estão dispostos a aceitar que erraram. Ou é porque a luz não ilumina, e o povo
não tem capacidade para defender as suas ideias; ou porque a escuridão se não
deixa iluminar, e os políticos não estão recetivos à opinião do povo, servindo
apenas os seus interesses e apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Augusto Luciano, 11B
2.
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com
os políticos, sois a luz de Portugal: e chama-lhes luz de Portugal, porque quer
que façam em Portugal o que faz a luz. O efeito da luz é dar esperança, mas
quando Portugal se vê numa crise como esta nossa, havendo tantos nela que têm
ofício de luz, qual será, ou qual pode ser a causa desta crise? Ou é porque a luz
não dá esperança, ou porque Portugal não acredita. Ou é porque a luz não dá
esperança, e os políticos não solucionam a dívida do país; ou é porque Portugal
não acredita, e os portugueses se recusam também a receber a esperança. Ou é
porque a luz não dá esperança, e os políticos dizem uma cousa e fazem outra; ou
porque Portugal não acredita, e os portugueses querem antes criticar o que eles
dizem, em vez de agir. Ou é porque a luz não dá esperança, e os políticos se
ajudam a si e não a sociedade; ou porque Portugal não acredita, e os portugueses,
em vez de se ajudarem, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda
mal!
Marta Azevedo, 11B
3.
Vós,
diz Cristo, Senhor nosso, falando com os políticos, sois os representantes de
Portugal; e chama-lhes representantes de Portugal, porque quer que façam em
Portugal o que fazem os representantes. O efeito dos representantes é impedir a
desigualdade; mas quando Portugal se vê tão desigual como
está a nossa pátria, havendo tantos nela que têm ofício de representantes,
qual será, ou qual pode ser a causa desta desigualdade? Ou é porque os
representantes não representam, ou porque Portugal se não deixa representar. Ou
é porque os representantes não representam, e os políticos não cumprem a sua
função; ou porque Portugal se não deixa representar, e os cidadãos, sendo a
função cumprida, não a respeitam. Ou é porque os representantes não
representam, e os políticos recebem muito e fazem pouco; ou porque Portugal se
não deixa representar, e os cidadãos querem antes fazer muitas manifestações,
que continuar a trabalhar e a lutar pelos deus direitos de uma forma cívica. Ou
é porque os representantes não representam, e os políticos não melhoram o
sistema de saúde; ou porque Portugal se não deixa representar, e os cidadãos,
em vez de lutarem pelo seu acesso à saúde, lutam por outras causas menos
importantes. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Tomás Delgado, 11B
4.
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os professores, sois o maestro da
orquestra: e chama-lhes maestro da orquestra, porque quer que façam na
orquestra o que faz o maestro. O propósito do maestro é impedir a inveja; mas
quando os músicos se veem tão invejosos como estão os nossos, havendo tantos que têm o ofício de maestro, qual será, ou qual pode ser a causa desta
inveja? Ou é porque os maestros não dirigem, ou porque os músicos não se deixam
dirigir. Ou é porque os maestros não dirigem, e os professores não ensinam os
valores verdadeiros; ou é porque os músicos não se deixam dirigir, e os
portugueses, sendo verdadeiros os valores que lhes dão, não os querem aplicar.
Ou é porque os maestros não dirigem, e os professores ensinam uma cousa e
demonstram outra; ou porque os músicos não se deixam dirigir, e os portugueses
querem antes exibir-se, do que felicitar os outros e não os invejar. Não é tudo
isto verdade? Ainda mal!
Vasco Ferreira, 11A2
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