Pedimos aos alunos de 11.º ano que, no âmbito do estudo do "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira, recriassem o primeiro parágrafo do Capítulo I (Exórdio), denunciando um problema da atualidade. Aqui ficam alguns desses textos. Nos próximos dias, publicaremos mais!
1.
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com o
povo, sois a luz da escuridão: e chama-lhe luz da escuridão porque quer que
façam na escuridão o que faz a luz. O efeito da luz é iluminar o povo,
incentivndo-o a ter um papel ativo na justiça e na política; mas quando a
escuridão é tão avassaladora como esta, havendo tantos nela que deveriam ser
luz, qual será, ou qual pode ser a causa desta incapacidade de agir? Ou é
porque a luz não ilumina, ou porque a escuridão se não deixa iluminar. Ou é
porque a luz não ilumina, e o povo não tem iniciativa; ou é porque a escuridão
se não deixa iluminar, e os políticos não deixam o povo ter intervenção na
matéria política. Ou é porque a luz não ilumina, e o povo permanece indiferente
ao futuro; ou é porque a escuridão se não deixa iluminar, e os políticos não
estão dispostos a aceitar que erraram. Ou é porque a luz não ilumina, e o povo
não tem capacidade para defender as suas ideias; ou porque a escuridão se não
deixa iluminar, e os políticos não estão recetivos à opinião do povo, servindo
apenas os seus interesses e apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Augusto Luciano, 11B
2.
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com
os políticos, sois a luz de Portugal: e chama-lhes luz de Portugal, porque quer
que façam em Portugal o que faz a luz. O efeito da luz é dar esperança, mas
quando Portugal se vê numa crise como esta nossa, havendo tantos nela que têm
ofício de luz, qual será, ou qual pode ser a causa desta crise? Ou é porque a luz
não dá esperança, ou porque Portugal não acredita. Ou é porque a luz não dá
esperança, e os políticos não solucionam a dívida do país; ou é porque Portugal
não acredita, e os portugueses se recusam também a receber a esperança. Ou é
porque a luz não dá esperança, e os políticos dizem uma cousa e fazem outra; ou
porque Portugal não acredita, e os portugueses querem antes criticar o que eles
dizem, em vez de agir. Ou é porque a luz não dá esperança, e os políticos se
ajudam a si e não a sociedade; ou porque Portugal não acredita, e os portugueses,
em vez de se ajudarem, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda
mal!
Marta Azevedo, 11B
3.
Vós,
diz Cristo, Senhor nosso, falando com os políticos, sois os representantes de
Portugal; e chama-lhes representantes de Portugal, porque quer que façam em
Portugal o que fazem os representantes. O efeito dos representantes é impedir a
desigualdade; mas quando Portugal se vê tão desigual como
está a nossa pátria, havendo tantos nela que têm ofício de representantes,
qual será, ou qual pode ser a causa desta desigualdade? Ou é porque os
representantes não representam, ou porque Portugal se não deixa representar. Ou
é porque os representantes não representam, e os políticos não cumprem a sua
função; ou porque Portugal se não deixa representar, e os cidadãos, sendo a
função cumprida, não a respeitam. Ou é porque os representantes não
representam, e os políticos recebem muito e fazem pouco; ou porque Portugal se
não deixa representar, e os cidadãos querem antes fazer muitas manifestações,
que continuar a trabalhar e a lutar pelos deus direitos de uma forma cívica. Ou
é porque os representantes não representam, e os políticos não melhoram o
sistema de saúde; ou porque Portugal se não deixa representar, e os cidadãos,
em vez de lutarem pelo seu acesso à saúde, lutam por outras causas menos
importantes. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Tomás Delgado, 11B
4.
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os professores, sois o maestro da
orquestra: e chama-lhes maestro da orquestra, porque quer que façam na
orquestra o que faz o maestro. O propósito do maestro é impedir a inveja; mas
quando os músicos se veem tão invejosos como estão os nossos, havendo tantos que têm o ofício de maestro, qual será, ou qual pode ser a causa desta
inveja? Ou é porque os maestros não dirigem, ou porque os músicos não se deixam
dirigir. Ou é porque os maestros não dirigem, e os professores não ensinam os
valores verdadeiros; ou é porque os músicos não se deixam dirigir, e os
portugueses, sendo verdadeiros os valores que lhes dão, não os querem aplicar.
Ou é porque os maestros não dirigem, e os professores ensinam uma cousa e
demonstram outra; ou porque os músicos não se deixam dirigir, e os portugueses
querem antes exibir-se, do que felicitar os outros e não os invejar. Não é tudo
isto verdade? Ainda mal!
Vasco Ferreira, 11A2
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