quinta-feira, 20 de novembro de 2014

14 de novembro | Dia de Pedro Arrupe



A última semana foi marcada por emoções fortes, tendo culminado na sexta-feira, 14 de novembro, data em que se assinalou o nascimento de Pedro Arrupe e o dia do colégio.

   O dia começou bem cedo, com uma Eucaristia em que participaram todos os ciclos, do 1.º ao Secundário.

   Mais tarde, no auditório, depois de longos meses de ensaios, estreou a peça "Até onde, Pedro?", sobre a vida de Pedro Arrupe. A ideia nasceu no coração da Ir. Irene Guia e foi crescendo, com a ajuda da Administração, da Direção, da Pastoral, dos Departamentos (Artes, Música, Português) e, em especial, dos alunos do 3.º Ciclo, que escreveram e interpretaram o texto. Ao longo de um ano de trabalho, participaram em oficinas de escrita, cenografia e sonoplastia, coordenadas pelos professores de Português (Helena Velez e Paulo Tavares), de Artes (Celso Ameixa e Ricardo Josué) e de Música (Gonçalo Prazeres e Ana Araújo). Receberam, ainda, indicações e formação sobre coreografia (Rita Alexandre), operações técnicas (Pedro Luz e Gonçalo Prazeres), costura e adereços (Leonor Silva e Isabel Lacerda),

  

 Ao leme, estiveram, desde o início, o talento, a dedicação e a alma do Nuno Archer e da atriz Daniela Vieitas.



    Após os ensaios-gerais, que decorreram com a presença dos alunos dos diferentes ciclos na plateia, a peça foi apresentada a toda a comunidade educativa, em duas sessões, à noite, na quinta e na sexta-feira, 13 e 14 de novembro. Nesses dias, alunos do 8.º e 11.º anos juntaram-se à equipa, na bilheteira e na receção dos espectadores.

   Foi um momento poderoso de escola, que nos (re)uniu em torno da figura e do exemplo de Pedro Arrupe. No palco, "teatro dentro do teatro", vários atores recriavam o frenesim próprio dos ensaios, e dos bastidores, em paralelo com uma peça que estaria a ser representada do outro lado da cortina. Esta opção revelou uma outra dimensão da vida de Arrupe, a figura pública, o Geral da Companhia de Jesus - o homem que, longe dos holofotes e das câmaras, longe das viagens e da "vida agitada", em silêncio, se recolhe em oração, antes das grandes decisões.
   
   Ao longo da peça, cruzaram-se, na dose certa, no ritmo certo, humor (as extraordinárias senhoras da limpeza; o honesto "Ai coitadinho!" de Andreia ou os rodopios de Rodrigo são alguns exemplos) e profundidade. Sentimos no texto a presença do olhar límpido dos alunos, espelhando nas suas palavras  as emoções e as opiniões que a figura e a vida de Pedro Arrupe lhes suscitam, da admiração pela coragem de abandonar um curso de medicina, trocando a bata branca pela bata preta, à perplexidade perante a sua capacidade de sofrimento e de abnegação na doença.

  As várias linguagens marcaram presença ao longo de todo o espetáculo, numa permeabilidade feliz entre dança e música, como acontece na homenagem dos presos, numa canção retirada da alma, com sabor a soul gospel ("Thank You, Don Pedro"), ou na dança da carta que chega com o anúncio da missão no Japão. Também a imagem, no filme sobre a experiência oriental, vem sublinhar o magistério da alegria, da inteligência e da humildade de Arrupe, que acolheu de braços abertos o novo e o diferente (da música aos sabores, da cultura aos costumes).
  
     
São muitos os momentos arrepiantes em que o texto dramático se transforma em texto poético, com o auxílio da cenografia e da música. Como descrever o nó na garganta perante os vultos anónimos que se debatem violentamente sob um plástico disforme com a força marítima de uma tempestade, ou face à fragilidade dos barquinhos de papel que vão tombando sobre o chão? Como descrever o "abanão" provocado pelo cortejo dos refugiados, rostos e vidas desfigurados, trazendo o passado ao colo e a angústia nos braços? Revemo-nos neles e revemo-nos por dentro.

   É o palco a narrar, é o palco a inquietar-nos. Metáfora máxima desta inquietação, desta procura, é a Pergunta, que assalta as personagens na escuridão, que lhes povoa a solidão, lhes sacode as entranhas, as incita a perscrutar as respostas.

   No final, a convicção de que o legado de Pedro Arrupe continua entre nós e que de nós depende. O que foi dito (e que não não foi dito e ressoa nos nossos corações, nas nossas consciências) acompanha-nos. Até onde? A pergunta permanece.... Levamo-la connosco, na penumbra dos nossos gestos.

   Muito obrigado, Nuno e Daniela, por tudo!  E um merecidíssimo elogio aos atores, que se superaram em cada sessão, que colocaram tudo de si no projeto. Só uma frase o parece explicar: “Apaixona-te e permanece apaixonado. Isso decidirá tudo em ti”.



















Deixamos mais imagens do espetáculo:


























AUTORES:

Afonso Atalaia, Afonso Palos, Afonso Reis, Alex Villax, Ana Francisca Carreira, Ana Patrícia Agostinho, Ana Sofia Calado, Ana Sofia Monteiro,  Ana Teresa Gaspar, André Lopes, André Silva, António Barreto, António Martins, Beatriz Armeiro, Beatriz Coutinho, Beatriz Dias, Beatriz Gomes, Beatriz Salgueiro, Beatriz Saraiva, Beatriz Simões, Bernardo Lopes, Bernardo Pais, Carlos Dias, Carolina Penha, Catarina Coelho, Catarina Rocha, Catarina Silva, Catarina Taboada, Célia Howell, Daniela Santos, Diogo Araújo, Diogo Borbinha, Diogo Cabral, Diogo Freixo, Diogo Roque, Diogo Sousa, Domingos Gallego, Eduardo Martins, Fernando Dinis, Filipa Almendra, Filipa Ramos, Francisco Baptista, Francisco Bentes, Francisco Nabais, Francisco Peres, Gabriel Nunes, Gonçalo Santos, Henrique Caraça, Henrique Carvalho, Henrique Pereira, Inês Dias, Inês Nunes, Inês Santos, Joana Campos, Joana Dias, João Afonso Mendonça, João Almeida, João Chasqueira, João Correia, João da Ponte, João de Deus, João Esteves, João Gaspar, João Pires, João Rafael Carvalheiro, João Rosado, João Silva, João Tomás, José Galante, José Pedro Figueiredo, Júlia Lima, M. Leonor Gomes, M. Matilde Zerbes, Madalena Henriques, Madalena Sereno, Mafalda Paixão, Manuel Rodrigues, Margarida Martins, Maria Alves, Maria Joana Dias, Maria João Vidal, Maria Morais, Mariana Nunes, Mariana Reis, Mariana Rodrigues, Marta Rosa, Miguel Coelho, Miguel Duarte, Miguel Martinho, Miguel Martins, Miguel Moura Miguel Pena, Miguel Rosa, Nuno Domingues, Patrícia Grencho, Patrícia Reduto, Pedro Ornelas, Pedro Serrano, Rita Pereira, Rodrigo Gomes, Rodrigo Pereira, Rodrigo Ribeiro, Rodrigo Theotónio, Rodrigo Vinagre, Santiago Benites, Sara Correia, Sara Nunes, Sara Santos, Sebastião Lobato Faria, Sofia Faustino, Sofia Sá, Teresa Costa, Teresa Zerbes, Tiago Henriques, Tiago Teixeira, Tiago Veríssimo, Tomás Afonso, Tomás Bandeira, Tomás Correia, Tomás Lopes, Tomás Lourenço, Tomás Pereira, Tomás Serrano, Tomás Sousa, Vasco Almeida,  Vasco Filipe, Vasco Vinagre, Vera Lucas, Vera Santos, Vicente Mendes, Xavier Cerejo.

Professores: Helena Velez e Paulo Tavares

Equipa de Teatro:
António Martins, Beatriz Gomes, Carlos Dias, Carolina Penha, Catarina Coelho, Catarina Silva, Catarina Taboada, Francisco Batista, Joana Dias, João Tomás, Júlia Lima, Madalena Sereno, Maria Morais, Mariana Nunes, Patrícia Agostinho, Patrícia Grencho, Patrícia Reduto, Rodrigo Theotónio, Sara Correia, Sofia Faustino, Teresa Batista, Teresa Costa, Teresa Zerbes, Tomás Afonso, Vasco Almeida, Vera Lucas, Vera Santos, Xavier Cerejo.

Professores: Daniela Vieitas e Nuno Archer
Coreografia: Rita Alexandre

Equipa de Cenografia:
Afonso Atalaia, Beatriz Saraiva, Célia Howell, Diogo Borbinha, Diogo Cabral, Diogo Freixo,
Filipa Almendra, Gabriel Nunes, Joana Campos, Sofia Sá, Teresa Gaspar

Professores: Celso Ameixa e Ricardo Josué
Apoio à costura: Isabel Lacerda e Leonor Silva
Construção: Victor Barbosa

Equipa de Sonoplastia:
Fernando Diniz, Gonçalo Campos, Marta Rosa, Salvador Ribeiro, João Correia

Professores: Ana Araújo e Gonçalo Prazeres

Desenho de luz e Edição de filme: Pedro Luz
Imagem gráfica: José Pedro Trindade

Agradecimentos


Ana Limpinho, Ana Mira Vaz, Ana Moraes, Ana Vala, André Gonçalves, António Leitão, António Lourenço Associação Mais Cidadania, Carlos Azevedo Mendes sj, Centro Inaciano do Lumiar, Cristina Pinheiro, Embaixada do Japão, Eunice Maia, Ismael Guedes, José Larião, Luísa Abraços, Margarida Diogo, Marta Heleno, Miguel Morais, Miguel Robalo, Nuno Ferro, Paulo Duarte, Província Portuguesa da Companhia de Jesus, Restaurante Origami, Ricardo Valente, Rute Pais, Steve Johnston, Teatro Ao Largo, Teatro do Montemuro e famílias dos alunos que participaram no projeto.




Um agradecimento especial à Irmã Irene Guia, aci, que com a sua energia contagiou todos na vontade de construir este espetáculo.
 

1 comentário:

  1. É muito difícil passar para escrito algo tão forte como a peça que vivemos.
    E vocês fizeram-no na perfeição.
    Obrigada.

    ResponderEliminar