José de Guimarães |
Camões e a
Tença
Irás ao
Paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na
data combinada
Este país te
mata lentamente
País que tu
chamaste e não responde
País que tu
nomeias e não nasce
Em tua
perdição se conjuraram
Calúnias
desamor inveja ardente
E sempre os
inimigos sobejaram
A quem ousou
seu ser inteiramente
E aqueles que
invocaste não te viram
Porque
estavam curvados e dobrados
Pela
paciência cuja mão de cinza
Tinha
apagado os olhos no seu rosto
Irás ao Paço
irás pacientemente
Pois não te
pedem canto mas paciência
Este país te
mata lentamente
Sophia de
Mello Breyner Andresen,Obra Poética, edição de Carlos Mendes de Sousa, Lisboa,
Caminho, 2010
Sem comentários:
Enviar um comentário