domingo, 16 de março de 2014

Bibliotecando

Deixamos as sugestões de leitura para este mês, enviadas pela equipa da Biblioteca.

2.º ciclo 
Pobby e Dingan, de Ben Rice




















Excerto:

“Kellyane abriu a porta do carro e enfiou-se no meu quarto. Trazia o rosto esbaforido e pálido, todo franzido. Mal entrou, disse: «Ashmol! O Pobby e a Dingan estão talvez-mortos.» Foi assim que ela disse.
- Ainda bem – disse eu. – Talvez agora comeces a crescer e deixes de ser assim chalada.
As lágrimas começaram a correr-lhe pelas faces. Mas isso não me fazia ter nenhuma pena dela, e vocês também não teriam se tivessem crescido com Pobby e Dingan.
O Pobby e a Dingan não estão mortos – disse, disfarçando a fúria com uma golada da lata – Nem nunca existiram. O que nunca existiu não pode morrer. Topas?”


3.º ciclo
|E dizer-te uma estupidez qualquer, por exemplo, amo-te, de Martín Casariego Córdoba


















Excerto:

“Tenho a certeza que o amor é uma estupidez. Torna as pessoas meio estúpidas e muda-lhes a maneira de ser e se calhar torna-as mais felizes, está bem, mas isso não muda nada e é claro que não torna inteligentes os que já são estúpidos.
Quando vou na rua e vejo alguém com um sorriso parvo estampado na cara, penso: este fulano deve estar completamente apanhado da pinha, mas às vezes, quando estou em maré de indulgência, acrescento para mim: ou completamente apaixonado. Concordo que as declarações de guerra ainda são piores do que as declarações de amor, mas isso não impede que as de amor sejam uma estupidez. (…) Quem tiver adivinhado que estou apaixonado e se considere muito esperto e inteligente, elementar meu caro Watson por isso, com certeza que é um convencido, e se pensa que sou estúpido, ainda por cima é imbecil, porque pode acontecer a qualquer um apaixonar-se e ninguém está a salvo. Eu, para não ir mais longe, apaixonei-me pela Sara sem querer, comecei a gostar dela sem querer.”


Secundário
Sorrisos de Bombaim, de Jaume Sanllorente 


















Excerto:

 “Passei mal a noite. O meu único desejo era sair dali, fosse como fosse. Não me agradava nada aquele país. A apreensão que tinha sentido durante o voo estava a confirmar-se: que ia eu fazer agora, um mês inteiro naquela terra? Como desejava que os dias passassem a correr!
Li artigos que se escreveram a meu respeito, segundo os quais me apaixonei pela Índia no primeiro instante, que foi amor à primeira vista. Não é verdade, de forma nenhuma.
Aquele país, no primeiro encontro, desagradou-me profundamente. Como poderia fascinar-me um lugar com tanta miséria?
Não consegui dormir nem uma fracção de segundo. Pensava especialmente nos meninos pobres e nos mendigos que tinha visto horas antes. Perguntava a mim mesmo como era possível que aquele fosse o mesmo mundo em que eu tinha vivido até então. Como podiam existir na nossa época coisas assim? Era como estar de repente na Idade Média!”

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