«Mulheres de Cinza», o mais recente romance de Mia Couto, inicia uma nova trilogia do escritor moçambicano, sob o título global «As Areias do Imperador». A apresentação em Lisboa realizar-se-á na terça-feira, 20 de outubro, a partir das 18h30, na Fnac Chiado.
A personagem central no novo romance, Ngunyane (nome que os portugueses transformaram em Gungunhana), foi um imperador de Gaza, no sul de Moçambique, que se rebelou contra a potência colonizadora e acabou derrotado por Mouzinho da Silveira, preso e desterrado para os Açores, onde morreu em 1906.
A glória e o mito de Ngunyane atravessaram os dois países, fomentados também por algumas inverdades e falsificações históricas, ao sabor dos interesses do momento. Em declarações ao quinzenário português Jornal de Letras, o escritor diz que Portugal sentiu necessidade de engrandecer o imperador, para tornar maior a sua vitória sobre o rebelde e que Moçambique o aproveitou para o panteão dos seus heróis nacionais e anticoloniais.
“Ora, Ngunyane nunca pensou nesta nação chamada Moçambique”, conclui Mia Couto, dizendo que as versões “são construções de parte a parte”.
Falando esta semana, em Maputo, o autor disse à Lusa que os moçambicanos continuam "ainda prisioneiros de uma versão única do passado" e precisam de se libertar de uma narrativa solitária e de assumir que há outras” versões.
Em 2013, venceu o Prémio Camões e, em 2015, foi um dos dez finalistas do Man Booker International Prize.
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