sexta-feira, 30 de maio de 2014

Bibliotecando

Deixamos as sugestões de leitura para junho (e férias!), enviadas pela equipa da Biblioteca:

2.º Ciclo:
O peixe azul, de Margarida Fonseca Santos




















Excerto:

“Bom, chamei a Joana. Refilou imenso mas veio. Eu disse-lhe que era uma experiência com desenhos e que queria que ela fosse a primeira a ver. Ela não resistiu. Realmente, a Joana tem essa parte boa – gosta imenso dos meus desenhos. (…)
A Joana olhou, olhou. Mudou o desenho de orientação levando o peixe de roldão, mas não dizia nada. Até pôs a língua de fora para ver melhor. Eu tinha-lhe dito que era um desenho abstrato com um peixe escondido.
- Tu estás a gozar comigo, Daniel.
- Porquê?
- Não vejo nenhum peixe desenhado.
- A sério?
- A sério…?! Tu estás é a brincar comigo, é o que é! Parvo!
(…) Saiu e bateu com a porta. Eu acho que é da idade, estas cenas de bater com as portas e achar que é a maior. Tem dezasseis anos, coitada!”



3.ºCiclo
O meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos





















Excerto:

«Durante dois dias, apesar da minha saudade, não fui ver o Português. Nem deixavam que eu fosse à Escola. Ninguém queria testemunho de tanta brutalidade. (…) Passava os dias sentado com o meu irmãozinho junto de Minguinho, sem vontade de conversar. Com medo de tudo. Papai tinha me jurado que me moeria de pancada se eu repetisse outra vez o que dissera à Jandira. De modo que eu respirava até com medo. Melhor era me refugiar na sombra do meu pé de Laranja Lima.
Entretanto minha saudade era muito grande. O Portuga deveria estranhar a minha ausência e se ele soubesse realmente onde eu morava, era até capaz de me vir procurar. Fazia falta ao meu ouvido, à ternura do meu ouvido aquele jeito de falar meio carregado e cheio de “tu”. D. Cecília Paim me dissera que a gente para tratar os outros de tu, precisava saber muita gramática.»

Secundário:

«Aqui é o Paraíso!» Uma infância na Coreia do Norte, de Hyok Kang e Philippe Grangereau















Excerto:

«Para explicar as razões da fome, os quadros do partido invocavam “catástrofes naturais”. Diziam que tinha chovido demasiado, que as inundações tinham causado desastres em todo o país. Em Usong (…) não era esse verdadeiramente o caso. (…) De qualquer modo, como era praticamente impossível viajar através do país, ninguém podia verificar se isso era verdade. As autoridades diziam-nos também que os Estados Unidos e a Coreia do Sul tinham a sua quota de responsabilidade nessas carências, visto que eram eles que tinham desencadeado a Guerra da Coreia. Segundo as suas autoridades, sem essa guerra, a Coreia teria sido reunificada e tudo isto nunca teria acontecido. Portanto, era tudo culpa dos imperialistas americanos e dos fantoches do Sul. Evidentemente, eu aceitava essa argumentação tal e qual, sem me questionar. Só muitos anos depois, já na Coreia do Sul, é que soube, para minha grande perturbação, que a Guerra da Coreia tinha sido desencadeada não pelos “fantoches do Sul”, mas pelo próprio Kim Il-Sung.»

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