Poeta, tradutor, ensaísta, Vasco Graça Moura foi, sobretudo, um humanista. Acérrimo defensor da língua e da cultura, cultivando-as com uma erudição inusitada, destacou-se igualmente no terreno da reflexão sobre a Europa e sobre o seu futuro, sempre fiel a essa matriz comum e remotíssima que nos une.
Como homenagem, ficam as capas de alguns dos seus livros e traduções, assim como uma passagem de Claudio Magris, que considerou, numa das suas crónicas, uma "reflexão exemplar":
"a grande pergunta que um Ulisses sente dirigirem-lhe e
dirige a si próprio é se ele, atravessando o mundo e a existência, pode voltar
a casa, a Ítaca, ou seja, a si mesmo, confirmado [...] na sua identidade e
confirmando o sentido da sua vida, ou se será forçado a ir sempre mais adiante
e sempre mais longe, descobrindo a impossibilidade de formar a sua pessoa e de
encontrar um significado nas coisas, perdendo-se pelo caminho e tornando-se continuamente
um outro. Essa odisseia sem retorno a Ítaca é, com efeito, a viagem, o destino
mais frequente dos Ulisses modernos."
Claudio Magris, in Alfabetos
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