sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Poesia com pedal

Na próxima segunda-feira, o colégio junta-se à iniciativa "Um dia a pedalar" (Bike to Work).  

 



















Trata-se de uma ação inserida na Semana Europeia da Mobilidade (16 a 22 de setembro), que incentiva as empresas e instituições a sensibilizarem os seus trabalhadores a deslocarem-se no dia 22 de bicicleta para o seu local de trabalho. O objetivo é alertar para a necessidade de reduzir os impactos ambientais da mobilidade urbana, promovendo meios mais “suaves” de deslocação.

O Navegações associa-se à ideia e deixa, como motivação e inspiração, alguns exemplares de "poesia com pedal":






| ALEXANDRE O'NEILL



CICLISTA

O homem que pedala, que ped'alma
com o passado a tiracolo,
ao ar vivaz abre as narinas :
tem o por vir na pedaleira



ELOGIO BARROCO DA BICICLETA

Redescubro, contigo, o pedalar eufórico
pelo caminho que a seu tempo se desdobra,
reolhando os beirais - eu que era um teórico
do ar livre - e revendo o passarame à obra.

Avivento, contigo, o coração, já lânguido
das quatro soníferas redondas almofadas
sobre as quais me entangui e bocejei, num trânsito
de corpos em corrida, mas de almas paradas.

Ó ágil e frágil bicicleta andarilha,
ó tubular engonço, ó vaca e andorinha,
ó menina travessa da escola fugida,
ó possuída brincadeira, ó querida filha,
dá-me as asas - trrim! trrim! - pra que eu possa traçar
no quotidiano asfalto um oito exemplar !



A BICICLETA

O meu marido saiu de casa no dia
25 de janeiro. Levava uma bicicleta
a pedais, caixa de ferramenta de pedreiro,
vestia calças azuis de zuarte, camisa verde,
blusão cinzento, tipo militar, e calçava
botas de borracha e tinha chapéu cinzento
e levava na bicicleta um saco com uma manta
e uma pele de ovelha, um fogão a petróleo
e uma panela de esmalte azul.
Como não tive mais notícias, espero o pior.
 

Bibliotecando

Deixamos as sugestões de leitura para este mês, enviadas pela equipa da Biblioteca:



2.º Ciclo 
A bicicleta que tinha bigodes – Ondjaki (Ler + 5.º ano)

 

 “Quando a luz vai, as conversas de rua ficam mais mágicas: os olhos tipo que brilham de outra maneira, as pessoas saem à rua e ficam a imaginar o que poderia estar a acontecer na telenovela, todos querem saber se no dia seguinte a TPA vai repetir o capítulo que todo mundo não viu, a minha Avó fica no muro a rir das nossas histórias ou conta também uma estória de antigamente, (…) a noite fica mais quente, os carros passam devagar porque as crianças brincam no meio da rua, alguém liga um rádio barulhento que quase não se ouve por causa do barulho do gerador do GeneralDorminhoco, (…) e se jogarmos às escondidas aqueles que não são da nossa tua demoram muito tempo para nos encontrar porque não conhecem os lugares melhores com bons esconderijos, tipo o vóx-váguen da doutora Victória, ou um galinheiro abandonado, ou mesmo a casa aberta de qualquer vizinho onde só nós, os da rua, podemos entrar sem pedir com-licença, quando a luz vai na minha rua, as crianças afinal reclamam de não ver novela mas no fundo no fundo, ficamos contentes porque podemos fazer mil coisas fora do ritmo normal das nossas vidas.”



 
3.º Ciclo
A coisa terrível que aconteceu a Barnaby Brocket – John Boyne (Ler + 3.º ciclo)

 




«Esta é a história de Barnaby Brocket. Para compreender Barnaby, primeiro temos de compreender os seus pais, duas pessoas que tinham tanto medo de alguém que fosse diferente que fizeram uma coisa terrível que acabaria por ter consequências dramáticas junto daqueles que amavam.
Comecemos pelo pai de Barnaby, Alistair, que se considerava um homem perfeitamente normal. Levava uma vida normal numa casa normal, num bairro normal onde fazia coisas normais de forma normal. A sua mulher era normal, tal como os seus dois filhos. (…) Depois nasceu o seu terceiro filho…»

 






Secundário

Alma de viajante – Filipe Morato Gomes


 






«Não é uma ideia original, esta de viajar à volta do Mundo, nem tão-pouco escrever sobre isso o é. Mas, por mais viajantes que percorram um dado caminho, não haverá seguramente dois que vejam e sintam e vivam e transmitam exatamente a mesma coisa, a mesma visão, a mesma emoção. (…)

Tenho por objetivo abraçar o Mundo calmamente e transmitir uma parte daquilo que sentir, vir e ouvir, que apreender com as amizades efémeras que forem naturalmente acontecendo; tentar compreender e traduzir em palavras o espírito de um lugar e as singularidades do seu povo e da sua cultura(…).»