domingo, 30 de novembro de 2014

30 de novembro | Dia de Pessoa


Em dia de aniversário, a Casa Fernando Pessoa abre as suas portas, a partir das 15h00, para um programa de evocações e celebrações. Às 15h30, uma visita guiada ao espaço espera todos os interessados. Às 17h30, será lançada uma edição em Braille do livro Mensagem, do designer Bruno Brites. E, às 19h30, em clima de festa, a Tenda traz-nos o último dos seus oito olhares teatrais sobre a obra referencial de Fernando Pessoa, editada há 80 anos. A entrada é livre! (Texto retirado da página de Facebook da Casa Fernando Pessoa - com adaptações).

Deixamos o programa:




Aproveitamos também para destacar o número #30 da revista Blimunda, da Fundação José Saramago, dedicada ao Nobel e a Pessoa:

Clicar na imagem, para aceder à versão digital da revista.


"Quando José Saramago nasceu, a 16 de novembro de 1922, restavam a Fernando Pessoa apenas 13 anos de vida. Durante esse tempo coexistiram, pode até ter acontecido coincidirem em algum momento em Lisboa, mas dessa possibilidade não há registo. Em 1935, no dia 30 de novembro, Fernando Pessoa deixou de existir fisicamente e a partir daquele momento teve início a construção da sua imortalidade literária. Para celebrar a existência e genialidade destes dois grandes nomes da Literatura a Blimunda dedica-lhes várias páginas da sua edição de novembro. As homenagens começam já no editorial, um texto de José Saramago sobre Fernando Pessoa. A revista visitou o espólio do poeta na Biblioteca Nacional de Portugal e conversou com Jerónimo Pizarro e Patrício Ferrari, dois investigadores pessoanos que vieram a Lisboa atraídos pelo homem da múltiplas personalidade e que depois partiram para disseminar a obra do português pelo mundo. Uma galeria de fotos do(s) Dia(s) do Desassossego apresenta ao leitor a iniciativa levada a cabo pela Fundação José Saramago e pela Casa Fernando Pessoa para homenagear os dois escritores."

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Convite

 
No próximo dia 3 de dezembro (quarta-feira), pelas 18h30, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa (Cidade Universitária), realizar-se-á a sessão de encerramento da publicação da Obra Completa Padre António Vieira.
 
 

Serão oradores convidados os Professores Doutores Carlos Reis, Eduardo Lourenço e Viriato Soromenho-Marques.
 
 

O evento contará com as participações especiais do ator Júlio Martín, que fará a leitura de alguns excertos da obra de Vieira, e da Orquestra Académica da Universidade de Lisboa.
 
 

A edição, sob a égide da Universidade de Lisboa, da Obra Completa Padre António Vieira (30 volumes) conta com a Direção dos Professores José Eduardo Franco e Pedro Calafate. Conta também com a coordenação da nossa querida colega Aida Lemos. A não perder!




terça-feira, 25 de novembro de 2014

À mesa com Eça no dia do seu aniversário

Hoje, 25 de novembro, assinalam-se os 169 anos do nascimento do escritor Eça de Queiroz

 A Fundação Eça de Queiroz associa-se aos Municípios de Baião e Amarante, promovento várias iniciativas. Nós, por cá, decidimos comemorar de forma original, dando destaque ao autêntico roteiro gastronómico que é a obra queirosiana. Para quem queira recriar este passeio de sabores, ficam as descrições retiradas das obras. Depois, é só servir! Bom apetite!

 A Cidade e as Serras


 A Cidade e as Serras


A Cidade e as Serras


 O Crime do Padre Amaro


 A Ilustre Casa de Ramires

O Crime do Padre Amaro


Bem a propósito, deixamos uma ideia do restaurante Largo do Paço, da Casa da Calçada,  Amarante, que marca a efeméride com um menu especial. 



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"Os peixes comem-se uns aos outros"

A nossa aluna Eva Monteiro (11A2) conquistou, num concurso promovido pela Biblioteca (ilustração criativa de sardinhas), o primeiro lugar! Muitos parabéns à Eva, assim como aos restantes premiados.

 Deixamos aqui o seu trabalho e dele nos servimos para iustrar, bem a propósito, uma passagem do "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira:




[...] A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande. [...]
Padre António Vieira,  "Sermão de Santo António aos Peixes" (Capítulo IV)

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

14 de novembro | Dia de Pedro Arrupe



A última semana foi marcada por emoções fortes, tendo culminado na sexta-feira, 14 de novembro, data em que se assinalou o nascimento de Pedro Arrupe e o dia do colégio.

   O dia começou bem cedo, com uma Eucaristia em que participaram todos os ciclos, do 1.º ao Secundário.

   Mais tarde, no auditório, depois de longos meses de ensaios, estreou a peça "Até onde, Pedro?", sobre a vida de Pedro Arrupe. A ideia nasceu no coração da Ir. Irene Guia e foi crescendo, com a ajuda da Administração, da Direção, da Pastoral, dos Departamentos (Artes, Música, Português) e, em especial, dos alunos do 3.º Ciclo, que escreveram e interpretaram o texto. Ao longo de um ano de trabalho, participaram em oficinas de escrita, cenografia e sonoplastia, coordenadas pelos professores de Português (Helena Velez e Paulo Tavares), de Artes (Celso Ameixa e Ricardo Josué) e de Música (Gonçalo Prazeres e Ana Araújo). Receberam, ainda, indicações e formação sobre coreografia (Rita Alexandre), operações técnicas (Pedro Luz e Gonçalo Prazeres), costura e adereços (Leonor Silva e Isabel Lacerda),

  

 Ao leme, estiveram, desde o início, o talento, a dedicação e a alma do Nuno Archer e da atriz Daniela Vieitas.



    Após os ensaios-gerais, que decorreram com a presença dos alunos dos diferentes ciclos na plateia, a peça foi apresentada a toda a comunidade educativa, em duas sessões, à noite, na quinta e na sexta-feira, 13 e 14 de novembro. Nesses dias, alunos do 8.º e 11.º anos juntaram-se à equipa, na bilheteira e na receção dos espectadores.

   Foi um momento poderoso de escola, que nos (re)uniu em torno da figura e do exemplo de Pedro Arrupe. No palco, "teatro dentro do teatro", vários atores recriavam o frenesim próprio dos ensaios, e dos bastidores, em paralelo com uma peça que estaria a ser representada do outro lado da cortina. Esta opção revelou uma outra dimensão da vida de Arrupe, a figura pública, o Geral da Companhia de Jesus - o homem que, longe dos holofotes e das câmaras, longe das viagens e da "vida agitada", em silêncio, se recolhe em oração, antes das grandes decisões.
   
   Ao longo da peça, cruzaram-se, na dose certa, no ritmo certo, humor (as extraordinárias senhoras da limpeza; o honesto "Ai coitadinho!" de Andreia ou os rodopios de Rodrigo são alguns exemplos) e profundidade. Sentimos no texto a presença do olhar límpido dos alunos, espelhando nas suas palavras  as emoções e as opiniões que a figura e a vida de Pedro Arrupe lhes suscitam, da admiração pela coragem de abandonar um curso de medicina, trocando a bata branca pela bata preta, à perplexidade perante a sua capacidade de sofrimento e de abnegação na doença.

  As várias linguagens marcaram presença ao longo de todo o espetáculo, numa permeabilidade feliz entre dança e música, como acontece na homenagem dos presos, numa canção retirada da alma, com sabor a soul gospel ("Thank You, Don Pedro"), ou na dança da carta que chega com o anúncio da missão no Japão. Também a imagem, no filme sobre a experiência oriental, vem sublinhar o magistério da alegria, da inteligência e da humildade de Arrupe, que acolheu de braços abertos o novo e o diferente (da música aos sabores, da cultura aos costumes).
  
     
São muitos os momentos arrepiantes em que o texto dramático se transforma em texto poético, com o auxílio da cenografia e da música. Como descrever o nó na garganta perante os vultos anónimos que se debatem violentamente sob um plástico disforme com a força marítima de uma tempestade, ou face à fragilidade dos barquinhos de papel que vão tombando sobre o chão? Como descrever o "abanão" provocado pelo cortejo dos refugiados, rostos e vidas desfigurados, trazendo o passado ao colo e a angústia nos braços? Revemo-nos neles e revemo-nos por dentro.

   É o palco a narrar, é o palco a inquietar-nos. Metáfora máxima desta inquietação, desta procura, é a Pergunta, que assalta as personagens na escuridão, que lhes povoa a solidão, lhes sacode as entranhas, as incita a perscrutar as respostas.

   No final, a convicção de que o legado de Pedro Arrupe continua entre nós e que de nós depende. O que foi dito (e que não não foi dito e ressoa nos nossos corações, nas nossas consciências) acompanha-nos. Até onde? A pergunta permanece.... Levamo-la connosco, na penumbra dos nossos gestos.

   Muito obrigado, Nuno e Daniela, por tudo!  E um merecidíssimo elogio aos atores, que se superaram em cada sessão, que colocaram tudo de si no projeto. Só uma frase o parece explicar: “Apaixona-te e permanece apaixonado. Isso decidirá tudo em ti”.



















Deixamos mais imagens do espetáculo:


























AUTORES:

Afonso Atalaia, Afonso Palos, Afonso Reis, Alex Villax, Ana Francisca Carreira, Ana Patrícia Agostinho, Ana Sofia Calado, Ana Sofia Monteiro,  Ana Teresa Gaspar, André Lopes, André Silva, António Barreto, António Martins, Beatriz Armeiro, Beatriz Coutinho, Beatriz Dias, Beatriz Gomes, Beatriz Salgueiro, Beatriz Saraiva, Beatriz Simões, Bernardo Lopes, Bernardo Pais, Carlos Dias, Carolina Penha, Catarina Coelho, Catarina Rocha, Catarina Silva, Catarina Taboada, Célia Howell, Daniela Santos, Diogo Araújo, Diogo Borbinha, Diogo Cabral, Diogo Freixo, Diogo Roque, Diogo Sousa, Domingos Gallego, Eduardo Martins, Fernando Dinis, Filipa Almendra, Filipa Ramos, Francisco Baptista, Francisco Bentes, Francisco Nabais, Francisco Peres, Gabriel Nunes, Gonçalo Santos, Henrique Caraça, Henrique Carvalho, Henrique Pereira, Inês Dias, Inês Nunes, Inês Santos, Joana Campos, Joana Dias, João Afonso Mendonça, João Almeida, João Chasqueira, João Correia, João da Ponte, João de Deus, João Esteves, João Gaspar, João Pires, João Rafael Carvalheiro, João Rosado, João Silva, João Tomás, José Galante, José Pedro Figueiredo, Júlia Lima, M. Leonor Gomes, M. Matilde Zerbes, Madalena Henriques, Madalena Sereno, Mafalda Paixão, Manuel Rodrigues, Margarida Martins, Maria Alves, Maria Joana Dias, Maria João Vidal, Maria Morais, Mariana Nunes, Mariana Reis, Mariana Rodrigues, Marta Rosa, Miguel Coelho, Miguel Duarte, Miguel Martinho, Miguel Martins, Miguel Moura Miguel Pena, Miguel Rosa, Nuno Domingues, Patrícia Grencho, Patrícia Reduto, Pedro Ornelas, Pedro Serrano, Rita Pereira, Rodrigo Gomes, Rodrigo Pereira, Rodrigo Ribeiro, Rodrigo Theotónio, Rodrigo Vinagre, Santiago Benites, Sara Correia, Sara Nunes, Sara Santos, Sebastião Lobato Faria, Sofia Faustino, Sofia Sá, Teresa Costa, Teresa Zerbes, Tiago Henriques, Tiago Teixeira, Tiago Veríssimo, Tomás Afonso, Tomás Bandeira, Tomás Correia, Tomás Lopes, Tomás Lourenço, Tomás Pereira, Tomás Serrano, Tomás Sousa, Vasco Almeida,  Vasco Filipe, Vasco Vinagre, Vera Lucas, Vera Santos, Vicente Mendes, Xavier Cerejo.

Professores: Helena Velez e Paulo Tavares

Equipa de Teatro:
António Martins, Beatriz Gomes, Carlos Dias, Carolina Penha, Catarina Coelho, Catarina Silva, Catarina Taboada, Francisco Batista, Joana Dias, João Tomás, Júlia Lima, Madalena Sereno, Maria Morais, Mariana Nunes, Patrícia Agostinho, Patrícia Grencho, Patrícia Reduto, Rodrigo Theotónio, Sara Correia, Sofia Faustino, Teresa Batista, Teresa Costa, Teresa Zerbes, Tomás Afonso, Vasco Almeida, Vera Lucas, Vera Santos, Xavier Cerejo.

Professores: Daniela Vieitas e Nuno Archer
Coreografia: Rita Alexandre

Equipa de Cenografia:
Afonso Atalaia, Beatriz Saraiva, Célia Howell, Diogo Borbinha, Diogo Cabral, Diogo Freixo,
Filipa Almendra, Gabriel Nunes, Joana Campos, Sofia Sá, Teresa Gaspar

Professores: Celso Ameixa e Ricardo Josué
Apoio à costura: Isabel Lacerda e Leonor Silva
Construção: Victor Barbosa

Equipa de Sonoplastia:
Fernando Diniz, Gonçalo Campos, Marta Rosa, Salvador Ribeiro, João Correia

Professores: Ana Araújo e Gonçalo Prazeres

Desenho de luz e Edição de filme: Pedro Luz
Imagem gráfica: José Pedro Trindade

Agradecimentos


Ana Limpinho, Ana Mira Vaz, Ana Moraes, Ana Vala, André Gonçalves, António Leitão, António Lourenço Associação Mais Cidadania, Carlos Azevedo Mendes sj, Centro Inaciano do Lumiar, Cristina Pinheiro, Embaixada do Japão, Eunice Maia, Ismael Guedes, José Larião, Luísa Abraços, Margarida Diogo, Marta Heleno, Miguel Morais, Miguel Robalo, Nuno Ferro, Paulo Duarte, Província Portuguesa da Companhia de Jesus, Restaurante Origami, Ricardo Valente, Rute Pais, Steve Johnston, Teatro Ao Largo, Teatro do Montemuro e famílias dos alunos que participaram no projeto.




Um agradecimento especial à Irmã Irene Guia, aci, que com a sua energia contagiou todos na vontade de construir este espetáculo.
 

domingo, 16 de novembro de 2014

À maneira de Vieira


Pedimos aos alunos de 11.º ano que, no âmbito do estudo do "Sermão de Santo António aos Peixes", de Padre António Vieira, recriassem o primeiro parágrafo do Capítulo I (Exórdio), denunciando um problema da atualidade. Aqui ficam alguns desses textos. Nos próximos dias, publicaremos mais!






1.




Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com o povo, sois a luz da escuridão: e chama-lhe luz da escuridão porque quer que façam na escuridão o que faz a luz. O efeito da luz é iluminar o povo, incentivndo-o a ter um papel ativo na justiça e na política; mas quando a escuridão é tão avassaladora como esta, havendo tantos nela que deveriam ser luz, qual será, ou qual pode ser a causa desta incapacidade de agir? Ou é porque a luz não ilumina, ou porque a escuridão se não deixa iluminar. Ou é porque a luz não ilumina, e o povo não tem iniciativa; ou é porque a escuridão se não deixa iluminar, e os políticos não deixam o povo ter intervenção na matéria política. Ou é porque a luz não ilumina, e o povo permanece indiferente ao futuro; ou é porque a escuridão se não deixa iluminar, e os políticos não estão dispostos a aceitar que erraram. Ou é porque a luz não ilumina, e o povo não tem capacidade para defender as suas ideias; ou porque a escuridão se não deixa iluminar, e os políticos não estão recetivos à opinião do povo, servindo apenas os seus interesses e apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Augusto Luciano, 11B




2.



Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os políticos, sois a luz de Portugal: e chama-lhes luz de Portugal, porque quer que façam em Portugal o que faz a luz. O efeito da luz é dar esperança, mas quando Portugal se vê numa crise como esta nossa, havendo tantos nela que têm ofício de luz, qual será, ou qual pode ser a causa desta crise? Ou é porque a luz não dá esperança, ou porque Portugal não acredita. Ou é porque a luz não dá esperança, e os políticos não solucionam a dívida do país; ou é porque Portugal não acredita, e os portugueses se recusam também a receber a esperança. Ou é porque a luz não dá esperança, e os políticos dizem uma cousa e fazem outra; ou porque Portugal não acredita, e os portugueses querem antes criticar o que eles dizem, em vez de agir. Ou é porque a luz não dá esperança, e os políticos se ajudam a si e não a sociedade; ou porque Portugal não acredita, e os portugueses, em vez de se ajudarem, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!


Marta Azevedo, 11B


3.


Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os políticos, sois os representantes de Portugal; e chama-lhes representantes de Portugal, porque quer que façam em Portugal o que fazem os representantes. O efeito dos representantes é impedir a desigualdade; mas quando Portugal se vê tão desigual como está a nossa pátria, havendo tantos nela que têm ofício de representantes, qual será, ou qual pode ser a causa desta desigualdade? Ou é porque os representantes não representam, ou porque Portugal se não deixa representar. Ou é porque os representantes não representam, e os políticos não cumprem a sua função; ou porque Portugal se não deixa representar, e os cidadãos, sendo a função cumprida, não a respeitam. Ou é porque os representantes não representam, e os políticos recebem muito e fazem pouco; ou porque Portugal se não deixa representar, e os cidadãos querem antes fazer muitas manifestações, que continuar a trabalhar e a lutar pelos deus direitos de uma forma cívica. Ou é porque os representantes não representam, e os políticos não melhoram o sistema de saúde; ou porque Portugal se não deixa representar, e os cidadãos, em vez de lutarem pelo seu acesso à saúde, lutam por outras causas menos importantes. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Tomás Delgado, 11B


4.



Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os professores, sois o maestro da orquestra: e chama-lhes maestro da orquestra, porque quer que façam na orquestra o que faz o maestro. O propósito do maestro é impedir a inveja; mas quando os músicos se veem tão invejosos como estão os nossos, havendo tantos que têm o ofício de maestro, qual será, ou qual pode ser a causa desta inveja? Ou é porque os maestros não dirigem, ou porque os músicos não se deixam dirigir. Ou é porque os maestros não dirigem, e os professores não ensinam os valores verdadeiros; ou é porque os músicos não se deixam dirigir, e os portugueses, sendo verdadeiros os valores que lhes dão, não os querem aplicar. Ou é porque os maestros não dirigem, e os professores ensinam uma cousa e demonstram outra; ou porque os músicos não se deixam dirigir, e os portugueses querem antes exibir-se, do que felicitar os outros e não os invejar. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Vasco Ferreira, 11A2