segunda-feira, 14 de março de 2016

Navio português incluído na armada de Vasco da Gama descoberto em Omã

O Ministério do Património e da Cultura de Omã anunciou hoje a descoberta de um navio português naufragado numa ilha remota de Omã em 1503, que fazia a carreira da Índia e estava incluído na armada de Vasco da Gama.


O navio é, de acordo com aquela entidade, a mais antiga embarcação dos Descobrimentos Portugueses encontrado e cientificamente investigado por arqueólogos.

Em comunicado, o ministério salientou que o navio português, que estava incluído numa das armadas de Vasco da Gama com destino à Índia naufragou em 1503 durante uma tempestade ao largo da ilha Al Hallaniyah, na região Dhofar, de Omã.

O Ministério do Património e da Cultura (MPC) de Omã informou que o local do naufrágio foi inicialmente descoberto pela empresa britânica Blue Water Recoveries Ltd. (BWR) em 1998, no 500º aniversário da descoberta de Vasco da Gama do caminho marítimo para a Índia.


Contudo, o ministério só deu início ao levantamento arqueológico e à escavação em 2013, tendo sido desde então realizadas mais duas escavações em 2014 e 2015, com a recuperação de mais de 2.800 artefactos.

Os principais artefactos, que permitiram identificar o local do naufrágio como sendo a nau Esmeralda, de Vicente Sodré, incluem um disco importante de liga de cobre, com o brasão real português e uma esfera armilar e um emblema pessoal de D. Manuel I.

A mesma fonte indicou que foram também encontrados um sino de bronze, com uma inscrição que sugere que o navio data de 1498, cruzados de ouro, cunhados em Lisboa entre 1495 e 1501 e um moeda de prata rara, chamada Índio, que D. Manuel I terá mandado fazer especificamente para o comércio com a Índia.

"A extrema raridade do Índio (só se conhece um outro exemplar no mundo inteiro) é tal, que possui o estatuto lendário da moeda "perdida" ou "fantasma" de D. Manuel I", adiantou o MPC de Omã.

Na nota, é também referido que "o projeto foi gerido conjuntamente por este ministério de Omã e por David L. Mearns da BWR, tendo-se respeitado rigorosamente a Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Cultural Subaquático de 2001".

Fonte: Agência Lusa

sexta-feira, 11 de março de 2016

Os Descobrimentos portugueses e a criação de palavras em mostra a partir de hoje em Lisboa

Uma exposição com obras da artista belga Ana Torfs explora, em várias instalações, as ligações dos Descobrimentos portugueses à universalização de produtos e palavras como café, tabaco e chocolate.


Intitulada "Echolalia", a exposição - primeira individual da artista em Portugal - reúne quatro instalações sobre o mundo das palavras, e abre hoje ao público, no Centro de Arte Moderna (CAM), da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde ficará até 13 de junho.

"O que me interessa são as palavras por detrás das palavras", disse Ana Torfs aos jornalistas, durante uma visita guiada a esta mostra, que revela diversas ligações aos Descobrimentos portugueses.

Uma das instalações consiste em seis tapeçarias de cerca de três metros por três metros, que apresentam imagens antigas sobre os produtos descobertos em novas geografias pelo mundo, e cujos nomes se tornaram universais: chocolate, tabaco, gengibre, café, açafrão e açúcar.

"Estes produtos acabaram por ser levados a todo o mundo e tornaram-se essenciais. Os portugueses fizeram contactos com outros povos a uma escala extraordinária", comentou a artista.

Ana Torfs, de 53 anos, criou as quatro instalações da exposição nos últimos sete anos, e mostrou-a recentemente em Bruxelas e, agora, em Lisboa, com curadoria de Caroline Dumalin, em resultado de uma colaboração com o Centro de Arte Contemporânea WIELS, em Bruxelas, na Bélgica.

Noutra das instalações, a artista colocou painéis com imagens da natureza tropical, ao mesmo tempo que se escutam vários narradores a ler os diários da primeira viagem de Cristóvão Colombo à América, nos quais descreve a natureza, as riquezas, os costumes dos nativos, com quem estabeleceu uma comunicação gestual.

A Ana Torfs interessa todo o mundo da comunicação, desde a palavra ao gesto, e a própria história por detrás da criação das palavras, nomeadamente na botânica, porque é "uma jardineira apaixonada", como afirmou no encontro com jornalistas, na quinta-feira, horas antes da cerimónia de inauguração.

Desde o início da década de 1990 que Ana Torfs tem vindo a construir uma obra marcada pelos mundos que as palavras revelam, incluindo os nomes científicos em latim de vinte e cinco famílias de plantas, ou os nomes comuns de vinte corantes sintéticos, na obra "STAIN", também apresentada nesta mostra.

Nas instalações, Ana Torfs usa vários suportes, como som, vídeo, fotografia e projeções de diapositivos, serigrafia e tapeçaria.

Nascida em 1963, Ana Torfs vive e trabalha em Bruxelas, e participou em numerosas exposições coletivas, incluindo "Parasophia", em Quioto, no Japão (2015), na 11.ª Bienal de Sharjah (2013), nos Emirados Árabes Unidos, na Manifesta 9, em Gent, Bélgica (2012).

Fonte: Lusa

quarta-feira, 2 de março de 2016

Congresso: Pelos mares da língua portuguesa em Maio



O Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro organiza, nos dias 4, 5 e 6 de Maio de 2016, o III Congresso Internacional "Pelos Mares da Língua Portuguesa". 

O programa inclui conferências principais, mesas redondas, comunicações livres, pósteres, exposições e apresentação de livros. A chamada de trabalhos decorre até 15 de Março. 
Saiba mais em:

terça-feira, 1 de março de 2016

Bibliotecando

O livro que propomos para o mês de março é:


"O mundo ficou às avessas. Da Europa já não se parte, é lá que se chega. Em pequenos barcos, frágeis cascas de noz. Deixando noutras terras guerra e fome. E o mar tornou-se uma palavra amarga.
Mas a palavra migrante, naquelas terras longínquas, é uma bela palavra. Quer dizer coragem, esperança, futuro.

Este é um livro habitado pela água oceano mar que sustenta separa e une esperanças terras destinos.
Um livro sem palavras. Talvez porque as palavras se esconderam à espera da maravilha de um gesto.

A todos os que pensam que as pessoas também pertencem à espécie migratória."
Mariana Chiesa Mateos