quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Bibliotecando

Deixamos as sugestões de leitura para este mês, enviadas pela equipa da Biblioteca. Os livros são os mesmos do mês anterior, mas com direito a uma motivação especial...

2ºCiclo




- Ela está à espera de alguém.

  - É aborrecido esperar. Agora são sempre os rapazes que desistem.

  - Aqui, na cidade, há mais raparigas que rapazes?

  - De facto, há muitos rapazes. O problema é que há muito poucos interessantes.

  - Mas esta rapariga é mesmo bonitinha.

  - A rapariga que dá o primeiro passo é sempre infeliz.

  - Será que ele vem?

  - Como se pode saber? Isto põe os nervos à prova.

  - Felizmente já passámos essa idade. Já te aconteceu ficares à espera de alguém?

  - Era sempre ele quem esperava. E tu, já te aconteceu deixar alguém à tua espera?

Excerto de “Uma Cana de Pesca para o meu Avô”, de Gao Xingjian


 3ºCiclo



“Tudo começou com um trabalho de grupo que o Sebastião tinha de fazer para a escola. É preciso fazer notar, assim à partida, que o meu querido irmão mais velho não aprecia (para não dizer que detesta!) trabalhos de grupo. Gosta de pesquisar, escrever e apresentar sozinho. É, como explica o meu avô Jorge, um one man show, que é como quem diz: está convencido de que consegue fazer tudo sozinho. Tipo Júlio César: veni, vidi, vici. Não estudaram os romanos? Não importa, eu explico, o que o imperador romano queria dizer é que chegava, via e vencia. Claro que os romanos tinham muitos soldados, o exército chegou a reunir cento e cinquenta mil legionários altamente treinados e bem motivados para conquistar território. Só uma pequena aldeia é que escapou a este poderio romano, vocês já devem conhecer estar parte: refiro-me, claro, ao Asterix e ao Obélix. O meu irmão é mais Ideafix – como o cão! – quando mete uma na cabeça é casmurro e vence a malta por cansaço.”

Excerto de “Mistério na Primeira República, O Diário do Micas”, de Patrícia Reis 

Secundário



«Adão. Segunda-feira. Este novo ser de cabelo longo é um valente empecilho. Anda sempre à minha volta e segue-me para todo o lado. Não gosto disto; não estou habituado a ter companhia. (…) Terça-feira. O novo ser dá nome a tudo o que aparece antes de eu poder esboçar um protesto. E o pretexto é sempre o mesmo: parece ser aquilo. Por exemplo um dodo, diz que, logo que se avista um, percebe-se que “parece um dodo”. Vai ter de passar a chamar-se assim, sem dúvida. Desgasta-me tentar discutir sobre isso e nem vale a pena, de qualquer maneira. Dodo! Parece-se tanto com um dodo como eu!
Eva. Quarta-feira. Quando apareceu o dodo ele pensava que era um gato selvagem – vi-o nos seus olhos. Mas eu salvei-o. “Ora, se não é um dodo!” e expliquei como quem não está a explicar, como é que eu sabia que era um dodo e ainda que eu ache que ele ficou um bocado melindrado por eu saber que bicho era aquele e ele não, foi bastante claro que ele me admira.»
Excerto de “Excertos dos diários de Adão e Eva”, de Mark Twain

Sem comentários:

Enviar um comentário